O comércio de Belo Horizonte vê com bons olhos a possibilidade de liberação de parte dos recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) como está sendo estudado pelo governo federal. De acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) a proposta é positiva e deve gerar reflexos no comércio a médio e longo prazo.
A expectativa do Ministério da Economia é de que sejam injetados R$ 42 bilhões no mercado. Dinheiro deve ser usado pelos consumidores para pagar as dívidas e voltar a consumir.
Segundo o presidente da CDL-BH, Marcelo de Souza e Silva, a intenção vem trazer alívio para o mercado que desde o início do ano vem sofrendo com a estagnação da economia. O impacto, segundo ele, vai ajudar a tentar aquecer a economia enquanto as reformas estruturais não são aprovadas.
“Vemos com bons olhos a possibilidade da liberação dos saques do FGTS, assim como ocorreu em 2016, e possibilitou que a economia recebesse um novo estímulo com a circulação desses recursos”, afirmou.
A projeção oficial do governo é de crescimento do PIB de 0,81%. Com a liberação dos recursos do FGTS, haverá também mais uma rodada de saques do PIS/Pasep.
Pagamento de dívidas
A recomendação, no entanto, é para o consumidor usar os recursos inesperados para quitar dívidas. De acordo com a economista do CDL, Ana Paula Bastos, os endividados acabam ficando de fora do mercado, por ter limitação no crédito, e isso impacta no comércio. Por isso, na medida em que a pessoa volta a ficar apta a comprar coisas com valor mais alto e que demandam crédito ele volta a entrar na roda da economia.
“No primeiro momento, as pessoas vão pagar dívidas. No segundo momento, aquelas que não estão endividadas vão usar os valores para alguma demanda reprimida de bens de maior valor. Em terceiro o valor pode ser investido em aplicações financeiras”, afirmou a economista.
Ana Paula ainda considera que os consumidores do país tenham uma demanda reprimida e que esses recursos sacados do FGTS podem fazer com essa intenção de compra seja retomada e isso impulsiona a economia.
Contudo, ele ressalta que é necessário que o consumidor use esse dinheiro com consciência. “Isso é uma poupança futura do trabalhador, então ele deve usar de forma consciente. De maneira que ele consiga arrumar sua vida financeira ou melhore sua renda para o futuro”.
A ideia do governo é autorizar os saques na seguinte proporção: quem tem até R$ 5 mil no fundo poderia sacar 35% do saldo e trabalhadores com até R$ 10 mil, 30% do saldo Ainda se discutia qual parcela terá direito quem tem entre R$ 10 mil e R$ 50 mil no FGTS. Acima de R$ 50 mil, o trabalhador só poderia sacar 10% do saldo total.