São Paulo – Rappi, iFood, Loggi, Uber Eats, James, Glovo (espanhola com breve passagem pelo Brasil), MoblyBoy, VaiMoto, 99 Motos, EasyDeliver. Nos últimos anos, não faltaram opções de empresas de delivery no país. Alguns indicadores da economia comprovam a rápida ascensão desse mercado.
O universo de brasileiros trabalhando nos serviços de entrega cresceu em 201 mil pessoas no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo intervalo de 2018, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O universo de brasileiros trabalhando nos serviços de entrega cresceu em 201 mil pessoas no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo intervalo de 2018, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Já o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) calcula que, no ano passado, o total de trabalhadores atuando por conta própria no setor de entregas pulou 104,2%. “A dificuldade de encontrar um emprego formal impulsionou o número de trabalhadores no setor de motorista de aplicativos”, afirma o economista Walter Capelli, especialista em planejamento urbano pela Fundação Getulio Vargas (FGV). “E o segmento de delivery tem sido um dos destaques em geração de ocupação temporária para muitos trabalhadores que entraram para informalidade durante a crise.”
O que tem sido bom para as startups de delivery, se mostra uma ótima oportunidade também para a indústria de motocicletas. No primeiro semestre deste ano, as vendas de motos subiram 16%, pelos cálculos da Abraciclo, a associação do setor de duas rodas. A produção também cresceu 8,4% no primeiro semestre, em relação ao mesmo período de 2018. Foram produzidas 536.955 motocicletas de janeiro a junho, ante 495.420 no ano passado. Na comparação entre os meses de junho de 2019 e 2018, a produção subiu 35,4%, passando de 50.208 unidades para 67.991.
A entidade prevê que aproximadamente 1,1 milhão de unidades sejam produzidas em 2019, indicando crescimento de 6,1% em relação a 2018. “Há uma demanda interna de certa forma relacionada com toda essa movimentação gerada pelo aumento de motociclistas por aplicativo”, destacou André Macedo, gerente da coordenação de indústria do IBGE. “As estatísticas endossam essa leitura, principalmente considerando-se que o setor de motos tem registrado queda no comércio exterior", acrescenta ele, referindo-se à retração das exportações para a Argentina, principalmente. Outros fatores como desemprego e aumento do preço da gasolina ajudam a explicar esse fenômeno.
Baixa cilindrada Na avalição de José Eduardo Gonçalves, diretor-executivo da Abraciclo, o principal termômetro de que o delivery está turbinando a indústria é a categoria das motocicletas mais vendidas. “A demanda por motocicleta de baixa cilindrada representou cerca de 80% das vendas. São motocicletas de baixo valor.” O executivo destacou que a maioria desses veículos na versão de baixa cilindrada é adquirida pelos consumidores das classes de renda C, D e E. “Evidentemente, por falta de emprego com carteira assinada, os trabalhadores buscam uma fonte emergencial de renda nesses aplicativos que oferecem serviços de entrega. O crescimento da produção do setor de duas rodas no primeiro semestre de 2019 superou nossas expectativas”, completa.
Já a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) projeta aumento de 10,6% na venda de motos em 2019. O volume deve atingir 1,04 milhão de unidades. A previsão anterior indicava 1,02 milhão. A revisão das projeções chega num momento de inegável retomada do mercado de duas rodas.