Brasília – O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, sinalizou ontem que a taxa Selic pode continuar a reduzir nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Ele entende, porém, que possíveis frustrações nos ajustes macroeconômicos, como reformas, podem afetar os prêmios de risco e aumentar a trajetória dos juros.
Na quarta-feira passada, o comitê decidiu reduzir a taxa básica Selic em 0,5 ponto percentual, saindo de 6,5% para 6%. O corte foi possível porque a inflação está baixa. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) 15, considerado a prévia da inflação, variou 3,27% no acumulado do ano até julho. Para este ano, a meta central de inflação é de 4,25%, podendo variar entre 2,75% a 5,75%. Já para 2020, o objetivo é alcançar 4% – com oscilação de 2,5% e 5,5%.
Na quarta-feira passada, o comitê decidiu reduzir a taxa básica Selic em 0,5 ponto percentual, saindo de 6,5% para 6%. O corte foi possível porque a inflação está baixa. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) 15, considerado a prévia da inflação, variou 3,27% no acumulado do ano até julho. Para este ano, a meta central de inflação é de 4,25%, podendo variar entre 2,75% a 5,75%. Já para 2020, o objetivo é alcançar 4% – com oscilação de 2,5% e 5,5%.
De acordo com Campos Neto, o foco do BC é executar um trabalho para fazer com que os juros baixos cheguem na ponta, para o consumidor. Para ele, é necessário um crédito saudável para incentivo de investimentos e infraestrutura. Sobre o mercado de financiamentos e empréstimos, o presidente do BC enfatizou que houve melhora nos últimos anos após a crise, o que pode ajudar na recuperação econômica. Campos Neto lembrou que há uma mudança de viés na política de crédito, permitindo mais espaço para empréstimos privados, em detrimento do público.
Com isso, o BC está indo em direção para a diminuição do crédito direcionado. “O país precisa se reinventar com o crédito privado. Nós batemos no muro fiscal e precisamos migrar para o crédito privado”, afirmou o chefe do BC, ao participar do Correio Debate: Como fazer os juros caírem no Brasil?, promovido pelo jornal Correio Braziliense. Ele admitiu que o custo de alguns produtos são altos, como o cheque especial e o cartão de crédito. “Precisamos cair (os juros) ainda bastante. Na composição do spread bancário, precisamos melhorar em todos os fatores, mas eu chamaria atenção à inadimplência”, afirmou.
De acordo com ele, a falta de informações sobre o tomador de crédito gera uma “comunicação assimétrica”, o que leva o aumento de taxa pelas incertezas. O cadastro positivo e o open banking são medidas para diminuir de forma mais estrutural essa assimetria. Além disso, a recuperação de financiamentos é muito mais baixa e lenta no Brasil do que em comparação com outros países. Por isso, há encarecimento dos financiamentos.
Sobre o cheque especial, Campos Neto ressaltou que há um estudo para diminuir a regressividade do produto financeiro. “Quando (o banco) disponibiliza o limite, tem um consumo de capital do banco, que é proporcional a esse limite. Quem tem mais dinheiro, tem um limite maior e consome mais capital. Normalmente é quem menos usa o produto. Quem mais usa são, basicamente, quem tem dois salários mínimos”, afirmou.
De acordo com ele, as taxas do cheque especial, que superam 300% ao ano, punem quem está em baixo da pirâmide. “As nossas conversas são no sentido de como diminuir a regressividade. Também é necessário compreensão do instrumento, que vem com a educação financeira. Pensamos num programa mais amplo, porque a educação financeira é chave nesse sentido”, destacou Campos Neto.
Cenário
Ao dar o panorama do cenário econômico atual, o presidente da autoridade monetária ressaltou que a economia global teve uma revisão de crescimento “bastante grande para baixo”, processo que, para ele, ainda deve continuar. “Continua aí em (expansão de) 3,3% e muito provavelmente será revisado para baixo”, alegou. Campos Neto avalia que há três grandes fatores que se acumularam ao longo dos anos que ocasionaram na situação atual. A primeira é a tensão comercial, que teve “trajetória” em várias fases.
Sobre a atividade econômica no Brasil, o presidente do Banco Central ressaltou que o país sofreu com revisões do Produto Interno Bruto (PIB) para baixo, assim como outros países da América Latina. “Países da América Latina todos revisaram para baixo mais ou menos na linha do Brasil. Não foi porque houve frustração do governo e da execução de reformas”, afirmou Campos Neto. Com esse cenário de desaquecimento global e do Brasil, houve uma perspectiva de juros mais baixos. “Nós navegamos na crise sem ter que subir os juros. O Brasil está numa situação bastante sólida nesse sentido”, alegou.