São Paulo – Depois de crescer 8% em 2018, o segmento de microfranquias (que exigem investimento de até R$ 90 mil) deve ser a grande estrela no mercado neste ano. Isso porque, de acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF), está em curso um profundo processo de diversificação e de redução de custos.
“Com a revisão de algumas projeções do ano para baixo, os investidores ficaram mais cautelosos, o que favorece investimentos mais conservadores”, disse André Friedheim, presidente da ABF. “Mesmo assim, o mercado como um todo segue em forte crescimento, grande parte em virtude dos seus fundamentos básicos, como trabalho em rede, ganhos em escala e marcas consolidadas”, completa. Embora não existam dados fechados sobre as microfranquias, a entidade afirma que há potencial para dobrar o crescimento do segmento neste ano.
Um termômetro dessa diversificação de segmentos e faixas de investimentos é a iniciativa do Grupo Petra Gold, empresa de serviços financeiros, que está lançando a franquia GoldPlus. Oficialmente descrita no segmento de microfranquia, o investimento inicial é apenas R$ 647 – o menor valor do setor no país.
Os franqueados poderão contratar o serviço direto na plataforma on-line e vender os produtos oferecidos pela companhia, como a GoldPay, máquina de crédito e débito, conta digital, seguros e assistências funeral, automotiva, residencial e empresarial. A empresa também disponibilizará um cartão internacional pré-pago, com funções de saque e pagamento no Brasil e no exterior.
“Por termos uma das franquias mais acessíveis do mercado, o retorno do investimento é muito rápido e permite que o franqueado comece a ganhar dinheiro quase que de imediato”, afirma Eduardo Braule-Wanderley, CEO do Grupo Petra Gold.
A franquia GoldPlus tem duas formas de rentabilidade: na primeira, o franqueado pode obter um ganho imediato ao vender as franquias e ser comissionado em 50% sobre o valor do negócio. Na segunda forma, ele constrói um rendimento por meio das vendas dos combos de serviços financeiros, pagos mensalmente pelos clientes e que lhe dão uma comissão constante de 20% sobre esses pagamentos. “O setor está aquecido e os modelos de baixo investimento têm forte potencial para conquistar mais espaço nos próximos anos”, afirma Marco Macedo, diretor de operações do Grupo Petra Gold. “Estamos chamando essa tendência de Era das nanofranquias.”
MERCADO BILIONÁRIO
O mercado de franquias registrou crescimento de 5,9% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2018. A receita passou de R$ 40,7 bilhões para R$ 43,1 bilhões. No semestre, o aumento foi de 6,4% (R$ 79,4 bilhões para R$ 84,5 bilhões). Já a receita acumulada nos últimos 12 meses teve crescimento de 6,9%, passando de R$ 168,3 bilhões para R$ 179,9 bilhões. Segundo especialistas, isso também é resultado dos altos índices de desemprego. Sem opções, as pessoas acabam recorrendo às franquias.
De acordo com a Pesquisa Trimestral de Desempenho do Setor, desenvolvida pela ABF, a performance foi alavancada pela abertura de novas unidades, eficiência operacional e inovação. “O segundo trimestre foi um período de muita expectativa, com a aprovação da reforma da Previdência, por exemplo”, afirma Friedheim.
Em geração de novos postos de trabalho, houve aumento de 10% no número de empregos diretos do franchising frente ao mesmo período de 2018. O total de trabalhadores registrados subiu de 1.224.987 para 1.348.235. Para o presidente da ABF, “a principal razão para a alta das contratações deriva do reaquecimento da expansão das redes de franquias pelo país no período”.
Todos os 11 segmentos elencados pela ABF registraram variação positiva no segundo trimestre frente ao mesmo período de 2018. A pesquisa indicou que o segmento com maior crescimento entre abril e junho foi Serviços e Outros Negócios, com alta de 8,9%. Contribuíram para esse avanço o aumento da demanda por serviços administrativos e processos de automatização, a atuação de fintechs e de fornecedores da cadeia de meios de pagamento e crédito.
A categoria Serviços Educacionais registrou o segundo maior crescimento, com 8,7%. “O Brasil é um país muito grande, com várias ilhas de prosperidade nem sempre tão conhecidas. Esses mercados, de forma geral, apresentam menos concorrência, custos menores e um consumidor ávido por grandes marcas, sendo uma ótima oportunidade para o setor”, conclui Marcelo Maia, da ABF.