A aprovação de reformas pode ter afetado positivamente os investimentos no segundo trimestre do ano, segundo Claudia Dionísio, gerente da Coordenação de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB) cresceu 3,2% no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre de 2019. Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, houve uma expansão de 5,2%.
"Qualquer medida que afete as expectativas dos agentes e atinja a confiança afeta, sim. Os índices de confiança estão muito aquém do que já foram no passado, mas estão tendo uma leve melhora em relação ao que já foram", disse ela, ao ser questionada se o avanço das reformas teria influenciado o melhor resultado do investimento.
Segundo Claudia, houve aceleração no ritmo de crescimento da FBCF, com crescimento em todos os três componentes, o que não tinha ocorrido no trimestre anterior: construção, máquinas e equipamentos e outros ativos fixos.
A pesquisadora colocou os investimentos como o grande destaque do PIB do segundo trimestre pelo lado da demanda, embora o Consumo das Famílias tenha peso maior. Sob a ótica da oferta, os destaques foram a indústria de transformação e a construção. "A formação bruta de capital fixo nesse segundo trimestre veio mais forte e o que explica é que todos os três componentes cresceram. Tanto a produção de máquinas, quanto a construção, que pesa em torno de 50%. Todos vieram no campo positivo, o que não tinha acontecido no primeiro trimestre", disse.
A técnica do IBGE registrou, entretanto, que o crescimento da construção acontece sobre uma base achatada, à medida que o setor vinha com 20 trimestres de queda. "Esse resultado indica que a gente está um pouco melhor no sentido de que tem mais emprego, está havendo um pouco mais de contratação nesse setor. Agora, tem que esperar para ver se isso vai se sustentar ou se foi uma coisa pontual", ponderou.
Agropecuária
A alta de 0,4% no PIB da agropecuária no segundo trimestre ante igual período de 2018 foi marcada pela produção de milho e da pecuária, disse Claudia. A pesquisadora explicou que o desempenho só não foi melhor porque a soja, principal lavoura da safra brasileira, e cujo impacto no PIB se dá todo no primeiro semestre, quando ocorre a colheita, teve queda na produção, assim como o café.
Já o milho, cujo peso na safra nacional cresceu nos últimos anos, está com previsão de alta tanto de produção quanto de produtividade neste ano, lembrou Dionísio.
Segundo a pesquisadora, um terço da produção de milho é colhida na primeira metade do ano, daí porque o impacto positivo no PIB do segundo trimestre.
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