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Estado de Minas INTERNET

Revolução do 5G no país passa por Minas

Pesquisas e o desenvolvimento de tecnologias que vão transformar a indústria e as relações entre consumidores e máquinas já estão sendo testadas a todo vapor no Vale do Silício mineiro


postado em 01/09/2019 07:45 / atualizado em 01/09/2019 10:08

Experimento com a tecnologia 5G em Santa Rita do Sapucaí, Sul de Minas, está a todo vapor (foto: Inatel/Divulgação)
Experimento com a tecnologia 5G em Santa Rita do Sapucaí, Sul de Minas, está a todo vapor (foto: Inatel/Divulgação)

Santa Rita do Sapucaí - Se você está com problemas para acessar a internet e tem reclamado da velocidade com que seu aparelho navega na web, não há muito o que fazer de imediato, mas saiba que esse cenário mudará em breve. A previsão dos especialistas é que dentro de três a quatro anos os usuários dos grandes centros no país começarão a ter acesso à tecnologia 5G. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o leilão da frequência está previsto para ocorrer em março de 2020, porém, pode ser que ocorra algum atraso. Apesar disso, em Minas, as pesquisas e o desenvolvimento das redes com a nova velocidade estão a todo vapor, ou melhor, a jato. No Vale da Eletrônica, em Santa Rita do Sapucaí, Sul do estado, pesquisas e o desenvolvimento de tecnologias que vão revolucionar a indústria e as relações entre consumidores e máquinas estão sendo testadas e pretendem alterar a forma como as entendemos atualmente.
 
As pesquisas em 5G pelo mundo mostram três linhas de atuação em que as redes estão preocupadas em ser eficientes. A primeira delas é alta vazão dos dados ou, simplificando, aumentar a velocidade com que os dados são trafegados pela rede. A atual rede 4G, em funcionamento no país, garante velocidade que pode alcançar até 1Gbps (gibabites por segundo) nos locais com rede mais avançada. Já o 5G tem velocidade cerca de 10 vezes mais ágil, podendo trafegar dados a 10Gbps. Os estudos ainda concentram esforços para garantir a chamada baixa latência ou instantaneidade nas comunicações. Há, ainda, a atenção para a interface que deve causar as principais mudanças no cotidiano, a internet das coisas (IoT).
 
Se esses três problemas são o foco dos desenvolvedores no mundo, em Minas, um quarto cenário – o longo alcance – está tomando a dianteira nas pesquisas. O desafio dos pesquisadores no Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) é garantir a alta velocidade em longas distâncias das estações radiobases (ERBs) – popularmente conhecidas como torres de celular –, para até 50 quilômetros. Com a 4G é necessária uma antena a cada 10 ou 15 quilômetros.
 
De acordo com o coordenador de tecnologia do Centro de Referência em Radiocomunicação do Inatel, Henry Douglas, a redução de antenas permite que pessoas em locais menos habitados ou no campo tenham acesso também às altas velocidades. “Além do impacto social, no caso do Brasil, ainda tem o impacto do agronegócio. Hoje, existe uma demanda muito grande para as fazendas e as máquinas agrícolas estarem conectadas, o que resulta em ganho de produtividade”, afirma. Ainda de acordo com ele, nos primeiros testes foi possível ter ganhos na vazão e no alcance.
 
Em um dos experimentos feitos no Laboratório de Tecnologias da Informação e Comunicações do Inatel, os pesquisadores montaram uma horta em uma escola, que está a 10 quilômetros, e, por meio de sensores, conseguem monitorar umidade e a necessidade de irrigar as plantas. Todos os comandos podem ser acionados via aplicativo para que a tarefa seja realizada. Esse tipo de situação, a partir de chegada do 5G, será cada vez mais comum e pode trazer uma revolução para o campo, como esperam os especialistas ouvidos pela reportagem.
 
Outra possibilidade será criar ambientes totalmente personalizados. Temperatura, umidade e luminosidade dos ambientes podem passar a ser controladas com o uso da inteligência artificial geral, que vai criar uma espécie de memória de escolhas feitas pelo usuário e, a partir do reconhecimento, aplicará todas as escolhas ao local, tornando o ambiente mais adaptado ao gosto de quem estiver utilizando os espaços.
 
O impacto dessas inovações trará novas fronteiras e desafios a serem entendidos por empresas, pessoas e os que pensam os espaços públicos. Para o professor adjunto, pesquisador e coordenador do Laboratório de Tecnologias da Informação e Comunicações do Inatel, Antonio Marcos Alberti, já na próxima década essas fronteiras, inclusive sociais, deverão ser pautas das discussões. “Teremos o estudo dos impactos de tecnologia para as pessoas, cidades, países e comunidade como um todo. Para as pessoas, teremos assistentes biológicos com impacto no futuro do trabalho, na vida das pessoas”, afirma.

CIDADE INTELIGENTE

O Vale da Eletrônica, em Santa Rita do Sapucaí, também está sendo usado como experimento para um projeto-piloto que vai conectar a cidade. A iniciativa prevê a implantação de soluções inteligentes para iluminação, segurança e rastreamento de veículos, dentro do contexto de internet das coisas. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai financiar o Inatel para a execução, que será conduzida em parceria com a prefeitura da cidade, com as empresas Ericsson e TIM, e com as startups Pixel, Das Coisas, Fractum e Laager Inovações.
 
Por meio dos postes da cidade serão desenvolvidas soluções inteligentes para a área de segurança pública, iluminação e, além disso, as startups ainda poderão testar soluções a serem implementadas. Segundo Fred Trindade, especialista em negócios do Inatel, uma das soluções, por exemplo, é aumentar a intensidade da iluminação pública em locais em que se identifique a possibilidade de um furto ou roubo. “Com o aumento da luminosidade, a pessoa pode pensar que está sendo observada e acabar indo embora”, acredita.

REFERÊNCIA

O polo eletrônico de Santa Rita do Sapucaí – comparado ao Vale do Silício, na Califórnia (EUA), por ter surgido na mesma época e por abrigar pulsante produção de inovações – tem expressão mundial e está por trás de inovações, como o desenvolvimento do padrão brasileiro de TV Digital, toda a elaboração e confecção das urnas eletrônicas e, agora, atua fortemente no desenvolvimento da tecnologia 5G.
 
Atualmente, no Vale da Eletrônica, o Arranjo Produtivo Local (APL) – aglomeração de empresas localizadas em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais –, há 153 indústrias de tecnologia que geram 14.700 empregos e com confecção de cerca de 14.500 produtos. O faturamento em 2018 foi de R$ 3,2 bilhões.
 
Segundo o Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel), para os próximos 18 meses, a expectativa é que, só em novos negócios as indústrias faturem cerca de R$ 1 bilhão. Outros dados do Sindvel mostram que o investimento em pesquisa feito pelas indústrias, mesmo durante a crise, alcançou o montante de R$ 300 milhões por ano, em média.


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