Nova York – Detentora de marcas como Iveco e New Holland, o grupo CNH Industrial, que tem em Minas Gerais sua sede na América Latina, anunciou nesta terça-feira a separação em duas empresas, uma voltada para máquinas agrícolas, construção e segmentos especializados e outra para veículos pesados e motores industriais.
A estratégia faz parte do plano de negócios da empresa para 2024, apresentado nesta terça-feira na Bolsa de Valores de Nova York. Com fábricas em Contagem e Betim, na Grande BH, e em Sete Lagoas, na Região Central de Minas, a CNH projeta crescer 5% ao ano com a reestruturação.
A separação da gigante, que reúne 12 marcas de ônibus, caminhões e máquinas pesadas, vai ocorrer a partir do primeiro semestre de 2021 e concretizada até o fim de 2022. A divisão não traz impacto imediato nas marcas. Segundo a companhia, o projeto, batizado de “Transform 2 Win” (na tradução, transformar para vencer), vai reduzir os custos de operação e aumentar a eficiência da empresa.
“Olhando para a composição do nosso portfólio com lentes estratégicas, concluímos que as tendências sobre nossos segmentos impactam de forma diferente os segmentos dentro e fora de estrada”, afirmou o CEO da CNH Industrial, Hubertus Muhlhauser. Ele destacou também que dinâmicas de mercado distintas entre os dois segmentos motivaram a decisão.
O braço "On-Highway" unirá marcas de veículos comerciais e motores industriais. Isso inclui as marcas Iveco e Iveco Bus, juntamente com a FPT Industrial, especializada em motores industriais. Todas elas têm unidades em Sete Lagoas.
Já o "Off-Highway", fora de estrada, vai reunir as marcas voltadas para agricultura, construção e segmentos especializados, como a Iveco Veículos de Defesa, também em Sete Lagoas. A New Holland, fábrica de tratadores e máquinas agrícolas, e a Case IN, que produz máquinas de construção, ambas com plantas em Contagem, na Grande BH, farão parte do braço fora de estrada.
A empresa pretende investir US$ 13 bilhões nas duas vertentes, dentro e fora de estrada, nos próximos cinco anos, mas não especificou investimentos no Brasil – a sede da empresa na América Latina se encontra em Nova Lima, na região metropolitana. A empresa conta com sete fábricas no Brasil, sendo quatro delas em Minas Gerais.
US$ 5,6 bi em agricultura
Muhlhauser indicou, entretanto, que Índia e América do Sul são mercados em crescimento. O grupo planeja investir o total de US$ 5,6 bilhões em agricultura, que inclui a aquisição de empresas como a AgDNA, especializada em gerenciamento de dados nas lavouras. O setor de construção receberá US$ 1,2 bilhão, o que deve impactar diretamente a Case IN em Contagem.
Embora os detalhes não tenham sido revelados, no caso da Iveco, a intenção é fortalecer a marca, com investimentos em atualização de produtos e tecnologia. A meta é tornar os veículos comerciais líderes globais em transporte sustentável.
Mais de 20 lançamentos estão previstos até 2024, incluindo caminhões e ônibus. Os principais esforços se concentrarão no desenvolvimento de veículos mais sustentáveis, com menor emissão de gases e modelos híbridos e elétricos. A previsão é de US$ 4,2 bilhões em recursos.
Para os investidores, o CEO apontou que as mudanças indicam aumento de 14% para 20% no retorno do capital. O anúncio ocorreu durante o Capital Market’s Day, na Bolsa de Valores de Nova York.
*A repórter viajou a convite da CNH Industrial