Empresários do setor de alimentos são alvos de investigação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Receita Estadual (RE) e Polícia Civil (PC) por sonegação de R$ 200 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Batizada de Demerara, a operação deflagrada na manhã desta quinta-feira cumpriu seis mandados de prisão e 12 de busca e apreensão, expedidos pela Vara de Inquéritos de Contagem, contra alvos localizados nos municípios de Belo Horizonte, Contagem, (Ceasa), Nova Lima, Barbacena e Varginha, além de Araruama, no Rio de Janeiro.
De acordo promotor de Justiça Fábio Nazareth, as investigações começaram há três anos em função de indícios de crimes tributários cometidos desde 2001.
Entre os crimes, segundo o promotor, está o de lavagem de dinheiro, que permitiu a construção de uma mansão no condomínio Riveira, em Contagem, na Região Metropolitana e Belo Horizonte.
Nazarteh disse ainda que a mansão (veja galeria de fotos acima) está avaliada em torno de R$ 30 milhões.
Notas fiscais frias
Os investigados são suspeitos ainda de cometerem crimes contra a ordem tributária, além de falsidade ideológica e associação criminosa, entre 2001 e 2017.
Nesse período, o grupo empresarial, composto por mais de 10 empresas, teria sonegado cerca de R$ 200 milhões em ICMS devidos ao Estado de Minas Gerais. De acordo com as investigações, eles compravam notas fiscais frias no mercado negro e as utilizavam para diminuir o valor mensal do imposto.
Segundo o MPMG, trata-se de uma organização criminosa formada por pessoas ricas, bem instruídas e devidamente orientadas por especialistas. Os investigados, desde a década de 1990, teriam constituído um grande grupo econômico composto por empresas do ramo de distribuição de alimentos, principalmente de açúcar.
Dois irmãos
O grupo seria chefiado por dois irmãos, que usaram laranjas para constituir as empresas atacadistas, blindando seu patrimônio pessoal. Há suspeita de que empregados eram coagidos a emprestar seus nomes para a constituição das empresas.
O promotor Fábio Nazarteh informou que os dois irmãos e quatro funcionários, cujas identidades não foram reveladas, foram presos na manhã de hoje.
Conduzidas pelo MPMG e pela PC, as investigações se iniciaram após informações serem repassadas pela Receita Estadual.
A operação Demerara é mais uma desenvolvida no âmbito do Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira), que busca coibir a prática de sonegação fiscal e recuperar os valores desviados do Estado.
A ação de hoje conta com a participação de quatro promotores de Justiça de Minas Gerais, 40 auditores-fiscais da Receita Estadual, seis delegados e 52 investigadores da Polícia Civil.