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Estado de Minas

Quase 80% das famílias de BH estão endividadas

De acordo com a Fecomércio, as faturas do cartão de crédito representam 87,4% das dívidas


postado em 16/09/2019 17:00 / atualizado em 16/09/2019 17:55

(foto: Divulgação/Maquininhas de cartão)
(foto: Divulgação/Maquininhas de cartão)
Quase 80% das famílias residentes em Belo Horizonte têm alguma dívida. Os dados são da Fecomércio-MG, que divulgou nesta segunda-feira a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) referente a agosto. O índice de 79,1% para o mês representa um aumento de 12,1 ponto percentual em relação ao mesmo mês de 2018, que registrou 67%. Em relação a julho, a pesquisa revela que o endividamento cresceu 0,9 ponto percentual entre as famílias da capital mineira.

 

O cartão de crédito representa o maior objeto de dívidas: 87,4% dos entrevistados afirmaram estar comprometidos com essa modalidade. Um crescimento de quase 7 pontos em relação a agosto de 2018, quando 80,6% das famílias haviam contraído dívida no cartão de crédito.

 

De acordo com Guilherme Almeida, economista-chefe da Fecomércio-MG, o motivo para o índice de endividamento elevado com o cartão de crédito é a alta acessibilidade dessa modalidade e a falta de responsabilidade no uso. “O problema é que muitas famílias encaram o cartão como complemento da renda”, explica. Por isso, Almeida recomenda que as famílias se planejem para usar o cartão, levando em conta que esse tipo de pagamento compromete a renda futura.

 

Depois do cartão, o maior percentual de dívida é com o financiamento de veículos (14,1%). Almeida atribui esse número ao aumento nas vendas do setor. De acordo com o economista, a queda relativa da taxa de juros estimulou as famílias a investir na compra de carros e motos. Por outro lado, o boom dos aplicativos de transporte e entrega também estimulou muitos a comprar e alugar veículos, o que contribui para a taxa de endividamento.

 

Depois, as maiores dívidas são com carnês (11,5%), financiamento de imóveis (10,7%) e cheque especial (9%). Além disso, 24,9% dos entrevistados afirmaram que destinam mais da metade do orçamento mensal para pagar dívidas como prestações de veículo, cartão de crédito e empréstimos, entre outras.

 

Outro fator analisado na pesquisa é a inadimplência das famílias. De acordo com a pesquisa, em agosto 31,8% dos consumidores da capital deixaram de honrar algum compromisso financeiro. Considerando apenas as famílias com renda mensal menor que 10 salários-mínimos, 34% estão com débitos em atraso. Dentro da contagem dos endividados, esse número é de 40,1%.

 

Questionadas se conseguirão se organizar para pagar as dívidas, 44% das famílias responderam que não terão condições, enquanto 39,4% afirmaram que conseguirão pagar apenas parte da dívida. A maioria dos inadimplentes (58,7%) atrasou o pagamento em pelo menos três meses. De acordo com Almeida, a partir desse tempo, a dívida começa a se tornar impagável. Com isso, a alternativa é renegociar, ainda mais considerando o elevado desemprego no país.

 

De acordo com a análise da Fecomércio-MG, o alto percentual de endividamento indica a manutenção do nível do consumo. Porém, os números estão relacionados "à elevação da inadimplência, a dificuldade do acesso ao crédito, ao comprometimento da renda familiar e ao próprio consumo", argumenta Almeida. 

 

A Peic é calculada com base em dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A pesquisa entrevistou mil famílias residentes em Belo Horizonte nos 10 últimos dias de julho. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais e o índice de confiança é de 95%.

 

*Estagiário sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz 


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