As condições econômicas são "muito favoráveis" para que a taxa básica de juros (Selic, reduzida de 6,0% para 5,5% ao ano na última quarta-feira) vá abaixo de 5,0% ao ano ainda em 2019, afirmou nesta quinta-feira o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega.
"A inflação nitidamente perdeu força. Mesmo agora com a depreciação cambial não houve nenhuma influência relevante nos preços. A discussão hoje vai ser se fica em 5,0% ou abaixo de 5,0%. As condições são muito favoráveis a ter uma Selic abaixo de 5,0% no fim do ano", afirmou Maílson, após dar palestra no Fórum Nacional, organizado pelo economista Raul Velloso, no Rio.
No cenário do ex-ministro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) fará um corte de 0,5 ponto porcentual na Selic na próxima reunião e cortará ainda mais 0,25 ponto, no último encontro do ano. Assim, a Selic encerraria o ano em 4,75%.
Para Maílson, a tendência é que essa trajetória se concretize, "a não ser que haja uma mudança muito drástica na economia mundial que produza uma desvalorização cambial capaz de impactar preços no curto prazo, o que não é o cenário mais provável".
No balanço de riscos do Copom, o avanço da agenda de reformas no Congresso Nacional deixou as incerteza mais concentradas no cenário externo. Mesmo com um governo federal sem base de apoio no Congresso, Maílson não vê muito espaço para mudanças.
"Apesar das declarações polêmicas e dos problemas que isso gera no foro internacional, não houve paralisia decisória no Congresso. O Congresso continua debruçado sobre as reformas fundamentais", afirmou Maílson, citando o papel de liderança do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), na aprovação da reforma da Previdência, com "expressiva votação e grande economia fiscal".
Para o ex-ministro, o quadro de juros baixos "veio para ficar". "Muito dificilmente, a não ser por uma mudança muito radical de cenário, o Brasil voltará a ter, num horizonte previsível, Selic de dois dígitos. Selic de um dígito veio para ficar, e muito abaixo de 10,0%", disse Maílson.
ECONOMIA