Estreante no Brasil, a aérea low cost JetSmart tem um plano "ambicioso" para o País e espera ver aqui o que se observou no Chile e na Argentina, onde os respectivos mercados aéreos experimentaram mudanças drásticas desde o início das operações da empresa e de outras low costs. Em conversa com o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o CEO da aérea chilena, Estuardo Ortiz, se mostrou confiante no potencial de crescimento do mercado brasileiro e disse que monitorará de perto a experiência dos primeiros voos internacionais para pensar nas próximas operações, sejam elas de rotas ligando o País aos vizinhos ou mesmo de voos domésticos.
A JetSmart inaugurou suas atividades no País nesta terça-feira, 24. A empresa ligará o Brasil à capital chilena Santiago com voos diretos de Salvador (BA), Foz do Iguaçu (PR) e São Paulo (SP). Os bilhetes aéreos já começaram a ser vendidos. Seguindo o modelo low cost, o preço "de entrada" das passagens é competitivo: incluindo as taxas, cada trecho da viagem parte de R$ 269, para Salvador e São Paulo, e de R$ 299 para Foz de Iguaçu.
Fundada pelo fundo de investimento privado Indigo Partners, a JetSmart tem apenas três anos de idade. A companhia fez seus primeiros voos no mercado chileno, onde chegou a oferecer passagens em rotas domésticas por três dólares. Ortiz conta que, em dois anos de atividades no Chile, os preços dos bilhetes aéreos domésticos caíram pela metade e, como resultado disso, o mercado acumulou um crescimento da ordem de 45%. Ainda de acordo com o executivo, movimento similar aconteceu na Argentina - em um ano de operações da JetSmart no país, o mercado mostrou expansão de 16%, mesmo diante de uma situação econômica sensível.
O executivo acredita que o Brasil tem um potencial "tremendo" de crescimento de tráfego e conectividade aérea, dada a sua dimensão geográfica, e pode repetir essa história se adotar uma regulação "moderna" e que incentive a competição entre empresas. Por ora, a JetSmart está focada em desenvolver as operações recém-lançadas, ligando o Brasil ao Chile. "Gostamos de dar um passo de cada vez, vamos focar em cada passo e consolidá-los", disse Ortiz, quando questionado sobre a possibilidade de novas rotas internacionais e sobre a eventual entrada em voos domésticos.
Além da JetSmart chilena, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também já deu aprovação para que a subsidiária argentina da empresa possa voar para o Brasil a partir do país vizinho.
Sobre a possibilidade de praticar preços tão baixos quanto os três dólares em eventuais voos entre cidades brasileiras, o presidente da JetSmart disse ainda não ter informações suficientes sobre a estrutura de custos para operar no mercado doméstico. Ele defendeu, porém, que o Brasil deveria observar as mudanças já em curso nos seus vizinhos e "encabeçar" inovações. "O governo chileno tomou a iniciativa de reduzir as tarifas aeroportuárias em 40%. Porque eles viram como a conectividade melhorou, como o consumidor estava se beneficiando, a economia, o turismo... Mas eles (os consumidores) estavam pagando mais em tarifas aeroportuárias do que no próprio bilhete."
Novas operações
Os primeiros voos da JetSmart para Santiago partirão de Salvador - as operações começam em 27 de dezembro. Na sequência, já em 2020, a low cost iniciará atividades a partir de Foz do Iguaçu (5 de janeiro) e São Paulo (20 de março). A meta da companhia para o primeiro ano é transportar 100 mil passageiros nas rotas que incluem o País.
Os voos serão operados em uma frota moderna, composta por aviões A320 da Airbus. Segundo o presidente da aérea, a companhia receberá seis novas aeronaves até janeiro do próximo ano. A empresa tem contratada uma encomenda de 104 Airbus, que devem ser entregues até 2022.
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