O secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, demonstrou nesta terça-feira otimismo com a assinatura do tratado comercial entre Mercosul e União Europeia (UE) pela Argentina, mesmo no caso de vitória da oposição nas eleições presidenciais de outubro no país vizinho.
"Não sabemos o que vai acontecer na eleição de outubro na Argentina", afirmou Troyjo, em palestra no FT Commodities Americas Summit, promovido pelo jornal Financial Times, no Rio. "Acredito que a Argentina assinará", completou o secretário, ressalvando que não haverá dúvidas sobre isso no caso de reeleição do presidente Maurício Macri.
Troyjo citou as eleições na Argentina ao descrever o processo de aprovação final do acordo entre Mercosul e EU daqui para a frente. Segundo o secretário, para o acordo começar a valer, é preciso ser aprovado pelos Executivos de cada país do Mercosul e pelo Executivo da UE - a Comissão Europeia. Essa aprovação virá após as fases atuais de revisão e tradução do tratado. Após o aval dos Executivos, será a vez dos Legislativos de cada país do Mercosul e do Parlamento Europeu.
Passada a aprovação legislativa, "o relógio começa a correr" para a vigência das regras de redução de tarifas de importação e de cotas de comércio de lado a lado, disse Troyjo. Somente após a aprovação da "seção econômica" do tratado o acordo será submetido a cada um dos parlamentos, de cada país, tanto do Mercosul quanto da UE.
Em momento anterior do discurso, o secretário traçou um cenário em que os preços de commodities têm viés estrutural de alta nos próximos anos por causa da perspectiva de crescimento da demanda por alimentos e matérias-primas para construção em países pobres da Ásia que experimentarão crescimento acelerado, como Índia, Mianmar, Paquistão, Vietnã e Malásia.
Nesse quadro, segundo Troyjo, os países produtores de matérias-primas, como o Brasil, ficarão à frente da decisão, mais uma vez, de aproveitar a entrada de recursos com a exportação de commodities para "construir vantagens competitivas adicionais" ou voltar a "políticas populistas" do passado. Nesse momento, o secretário deu a Argentina como exemplo, pois o país vizinho tinha "o quarto maior" Produto Interno Bruto (PIB) per capita do mundo quando sua economia era exportadora e perdeu a posição nos rankings de riqueza após décadas de substituição de importações.
ECONOMIA