São Paulo – Se existe um setor que está rindo à toa, sem dúvida é o de caminhões. Embalado pela alta de 41,4% nas vendas e de 13,1% na produção entre janeiro e agosto deste ano, na comparação com o mesmo período de 2018, segundo a associação das montadoras, a Anfavea, o mercado já projeta fechar o ano com o melhor desempenho em mais de uma década.
“As empresas estão substituindo os serviços terceirizados de transportes por frotas próprias de caminhões. Isso tem acontecido porque o preço mínimo do frete elevou muito o custo desses serviços”, disse o técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Leonardo Mello de Carvalho. “É um resultado surpreendente em meio a uma atividade econômica ainda bastante lenta.”
O ritmo de mercado de veículos de transporte tem ajudado, inclusive, a puxar para cima os indicadores de investimentos no país. Pelos cálculos do Ipea, entre abril e maio, eles aceleraram no acumulado em 12 meses, de uma alta de 2,7% para 4,2%. No ano passado, o indicador registrou aumento de 4,1%. Isso porque, a reboque dos caminhões, tem a expansão do segmento de máquinas e equipamentos. Carvalho afirma que houve alta de 7,7% entre janeiro e maio de 2019. “Houve um efeito positivo também do agronegócio, mais especificamente do transporte de grãos para fins de exportação”, acrescenta.
Nos bastidores, as montadoras já dão como certo um crescimento acima de 50%, graças ao ambiente positivo gerado pela queda dos juros e expansão dos negócios no campo. “O segmento de transporte tende a se aquecer nesses últimos meses do ano, dadas as perspectivas mais positivas para o país em 2020”, diz o economista Thiago Mendes de Carvalho, da Fundação Getulio Vargas.
Além disso, há uma demanda represada pela crise dos últimos anos. “Estamos numa curva de crescimento no Brasil, puxado sobretudo pelo agronegócio, que, com a reação na economia, começou a renovar as frotas que já estavam com mais de sete anos de uso”, disse Ari de Carvalho, diretor de Vendas da Mercedes-Benz do Brasil, durante apresentação de uma nova linha Actros, de caminhões extrapesados.
Prova disso, segundo Carvalho, é o próprio desempenho do Banco Mercedes-Benz, que encerrou o período de janeiro a agosto de 2019 com crescimento de 45% no volume financiado na comparação ao mesmo período de 2018. O volume total atingiu R$ 3,456 bilhões, contra R$ 2,387 bilhões em 2018. Esse valor engloba automóveis, vans, caminhões e ônibus da marca.
O crescimento do mercado de caminhões, no entanto, foi o principal responsável pelo aumento no volume de novos negócios, representando metade desse montante. Neste segmento, a instituição contabilizou alta de 77% nos primeiros oito meses do ano, somando R$ 1,747 bilhão, ante R$ 986 milhões registrados no mesmo intervalo de 2018”, disse Christian Schüler, presidente do Banco Mercedes-Benz.
LÍDERES
De acordo com a entidade que representa as concessionárias, a Fenabrave, o mercado de caminhões é liderado pela Mercedes-Benz, com 2.863 caminhões emplacados em julho, número que garantiu participação de 31,91% no mercado e 17.577 caminhões emplacados de janeiro a julho de 2019, número que garantiu à marca uma participação total de 31,46%. Na segunda colocação está a VW Caminhões e Ônibus, com 2.189 caminhões emplacados em julho (participação de 24,32%) e 13.094 emplacamentos de janeiro a julho (participação de 23,44%).
A sueca Volvo ocupa a terceira posição no ranking da Fenabrave, com 1.373 caminhões emplacados em julho (participação de 15,25%) e 8.501 emplacamentos nos sete meses de 2019 (participação de 15,22%). A Scania, que iniciou a comercialização da nova geração apenas no fim de fevereiro, ocupava a quarta posição no mercado nacional. Segundo a Fenabrave, a marca sueca emplacou 1.241 caminhões em julho (participação de 13,79%) e 6.988 no acumulado do ano (12,51%).