O comércio exterior deverá contribuir negativamente para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, disse ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o presidente da Associação dos Exportadores Brasileiros (AEB), José Augusto de Castro. Isso porque, de acordo com ele, se o PIB crescer 2% no ano que vem como aponta a mediana das expectativas dos analistas do mercado, as importações deverão registrar crescimento maior que as exportações.
Em outubro, o saldo da balança comercial já deu mostra de que a dinâmica prevista por Augusto de Castro já está em curso. As exportações caíram 7,7% e as importações, apenas 1,5%. O saldo da balança fechou o mês passado em US$ 1,206 bilhão, o pior para um mês de outubro desde 2014, abaixo dos US$ 2,246 bilhões apurados em setembro.
E tal comportamento, de acordo com o presidente da AEB, reflete, entre outras coisas, a antecipação por parte da indústria de importações de bens de capital - aumento de 7,5% - e bens intermediário - alta de 9,3% - por causa da expectativa de maior crescimento econômico no próximo ano.
Mas não são só movimentos pontuais que contribuíram para a composição do saldo da balança em outubro. "Infelizmente, verificamos uma queda generalizada tanto de preços quanto de volumes embarcados", disse o executivo, para quem o quadro atual faz sentido já que no ano passado os preços estavam mais altos e o mundo não falava ainda em recessão.
Em outubro do ano passado, o Brasil exportou US$ 4,095 bilhões em plataformas de petróleo. Neste ano foram apenas US$ 2,815 bilhões, numa queda de 31,9%.
Ainda de acordo com Augusto de Castro, serão exportados 50 milhões de toneladas de minério de ferro a menos que no ano passado.
No setor agrícola, ano passado, foram exportadas 83 milhões de toneladas de soja. Este ano, a previsão é a de que serão embarcadas 72 milhões de toneladas.
"Até outubro, foram embarcados 65,6 milhões de toneladas de soja. No ano passado, no mesmo período, foram exportados 74,4 milhões de toneladas. Nos últimos dois meses do ano passado foram embarcados 9 milhões de toneladas e este ano, no melhor cenário, deveremos embarcar 6 milhões", disse.
Além disso, diz o presidente da AEB, existe a pressão dos Estados Unidos para a China comprar algo como US$ 50 bilhões em commodities de produtores norte-americanos. Para Augusto de Castro, a situação só não está pior porque as exportações de milho cresceram 123%.
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