Pela segunda vez na história, o consumo de álcool hidratado superou o da gasolina em Minas Gerais, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) relativos a setembro deste ano. O levantamento aponta que 271,9 milhões de litros de etanol hidratado foram consumidos, contra 260 milhões de litros de gasolina. A situação também tinha acontecido em outubro de 2018.
Tendo em vista agosto e setembro deste ano, o consumo de etanol cresceu 0,9%. Em agosto, foram vendidos 269,578 milhões de litros de álcool hidratado. Comparando setembro de 2019 com o mesmo mês de 2018, a alta foi de 37%, já que 243,840 milhões foram comercializados em setembro do último ano.
Tendo em vista agosto e setembro deste ano, o consumo de etanol cresceu 0,9%. Em agosto, foram vendidos 269,578 milhões de litros de álcool hidratado. Comparando setembro de 2019 com o mesmo mês de 2018, a alta foi de 37%, já que 243,840 milhões foram comercializados em setembro do último ano.
A participação do álcool hidratado no chamado ciclo otto (etanol + gasolina) foi de 41%. O número representa um aumento de 1% em relação a agosto deste ano. Presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos ressaltou que o preço do etanol e a paridade frente à gasolina favorável ao combustível limpo e renovável nas bombas, têm contribuído para o crescimento desse mercado em Minas, apesar de todas as dificuldades da economia.
“Há 18 meses, o etanol vem ganhando participação no estado, espaço, e isso acaba acostumando o consumidor. O carro é flex, pode ser abastecido por ambos, e mesmo sendo mais barato, muitas vezes por hábito, o consumidor coloca gasolina. Em Minas Gerais, era baixo o consumo e vem crescendo. Coloco essa superação, principalmente, por causa de preço”, disse Mário, ao Estado de Minas.
O presidente da Siamig também destaca que estados produtores, como São Paulo, Minas Gerais e Goiás, destacam-se no consumo. “Mais de 80% dos estados produtores, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Paraná, que são os principais. Em São Paulo, em 2004, teve uma redução do ICMS, que ficou mais barato e elevou muito o consumo do álcool hidratado. Minas fez isso somente em 2014, então o consumo de etanol hidratado é mais antigo para o paulista do que para o mineiro, por exemplo. Mas tudo é um processo”.
Este ano, o consumo de combustíveis no ciclo otto no estado, até setembro, mostra um crescimento de 4,1%, enquanto o ano passado teve uma queda de 5%. Geralmente, o etanol se torna vantajoso quando o preço do combustível verde está abaixo de 70% da cotação na bomba do combustível fóssil, a gasolina, mas Mário alerta para essa “regra”. “Cada carro pode encontrar sua própria relação. Têm veículos com relações diferentes. Então, isso é uma coisa mais geral, uma regra de bolso. A orientação é que todos sempre testem isso, em computador de bordo, ou consultarem até um especialista se for o caso. É uma sugestão”, finalizou.
Competitividade
Os preços médios do etanol seguiram vantajosos ante os da gasolina em apenas quatro estados brasileiros na semana passada, entre eles Minas Gerais, onde o álcool hidratado é vendido por um valor equivalente a 63,90% do preço da gasolina.
Além de Minas, o combustível verde continua vantajoso também em Goiás, Mato Grosso e São Paulo, todos grandes produtores do biocombustível. O levantamento da ANP considera que o etanol de cana ou de milho, por ter menor poder calorífico, tenha um preço limite de 70% do derivado de petróleo nos postos para ser considerado vantajoso.
Além de Minas, o combustível verde continua vantajoso também em Goiás, Mato Grosso e São Paulo, todos grandes produtores do biocombustível. O levantamento da ANP considera que o etanol de cana ou de milho, por ter menor poder calorífico, tenha um preço limite de 70% do derivado de petróleo nos postos para ser considerado vantajoso.
Em Mato Grosso, o hidratado é vendido, em média, por 56,98% do preço da gasolina, em Goiás a 67,25% e em São Paulo a paridade ficou em 65,58%. No Paraná, onde o etanol perdeu a vantagem sobre a gasolina na semana anterior, a paridade seguiu favorável ao combustível de petróleo, em 70,55%. Na média dos postos pesquisados no país, a paridade é de 66,76% entre os preços médios de etanol e gasolina, também favorável ao biocombustível. A gasolina foi mais vantajosa no Roraima, com a paridade de 92,02% para o preço do etanol.
Em alta
Os preços médios do etanol hidratado subiram em 12 estados e no Distrito Federal na semana passada, de acordo com levantamento da ANP. Houve queda em 13 estados brasileiros. Como não foi feita avaliação no Amapá na semana anterior, a comparação foi impossível. Na média dos postos pesquisados pela ANP houve leve alta de 0,03% no preço médio do etanol na semana passada ante a anterior, de R$ 2,927 para R$ 2,928. Em Minas Gerais, o preço médio dolitro do biocombustível subiu de R$ 2,967 da semana anterior para R$ 2.990 na semana passada, com alta de 0,77%.
Em São Paulo, principal estado produtor, consumidor e com mais postos avaliados, houve queda de 0,07% no período e a cotação média do hidratado variou de R$ 2,726 para R$ 2,724 o litro. A maior alta semanal, de 1,35%, foi em Roraima e a maior queda, de 2,81%, em Alagoas. Na comparação mensal, os preços do etanol subiram em 13 estados e no Distrito Federal e recuaram outras 13 unidades da Federação. Na média brasileira, o preço do biocombustível pesquisado pela ANP acumulou alta mensal de 2,02%.
O preço mínimo registrado na semana passada para o etanol em um posto foi de R$ 2,299 o litro, em São Paulo, e o menor preço médio estadual, de R$ 2,559, foi registrado em Mato Grosso. O preço máximo individual, de R$ 5,470 o litro, foi registrado em um posto do Pará e o Rio Grande do Sul registrou o maior preço médio, de R$ 3,998 o litro.
Bombas terão certificação digital
A partir de dezembro, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), vinculado ao Ministério da Economia, só vai aprovar modelos de bombas medidoras de combustíveis líquidos (gasolina, diesel e etanol) que tenham certificação digital. O objetivo é coibir a ocorrência de fraudes no abastecimento ao consumidor final. A informação foi dada ontem pelo chefe do Setor de Medição de Fluidos do instituto, Edisio Alves Júnior.
As bombas medidoras têm um componente que faz a medição e um mostrador que apresenta o resultado para o consumidor. O Inmetro observou que muitas das fraudes ocorriam na comunicação entre a medição e a indicação do resultado. “Com esse sistema de certificação digital, o Inmetro garante que o resultado da medição é assinado digitalmente, de tal maneira que a gente sabe que a informação que chega no indicador realmente foi produzida pelo medidor”, disse à Agência Brasil.
Alves Júnior explicou que a maioria das bombas medidoras tinha funcionamento baseado em sistemas mecânicos. “Com o passar dos anos, os dispositivos eletrônicos tomaram conta de tudo, inclusive dos instrumentos de medir, especialmente das bombas medidoras. A gente começou a observar o crescimento das fraudes eletrônicas e percebemos que os requisitos que a gente tinha para bombas medidoras não estavam adequados para essas novas bombas eletrônicas. Daí surgiu a certificação digital”.
No celular
Segundo o Inmetro, as novas bombas com certificação digital vão se comunicar com o consumidor, por meio de um aplicativo de celular. “Ele vai poder ver o resultado tanto no celular dele, como no indicador da bomba”, disse o chefe do Setor de Medição de Fluidos do Inmetro. Por outro lado, Edísio Alves Júnior esclareceu que a aprovação de novos modelos de bombas medidoras não significa que todas as bombas atualmente em uso vão ser substituídas instantaneamente no mercado. A substituição será feita de forma gradual, em função do ano de fabricação da bomba, e terá o período máximo de 15 anos.
Para o Inmetro, à medida que os postos começarem a efetuar a substituição das bombas por equipamentos com certificação digital, os próprios consumidores irão à procura de bombas mais confiáveis. Ou seja, a concorrência fará com que a iniciativa para adaptação à certificação digital partirá dos próprios integrantes do mercado. “Quem tiver uma bomba mais segura vai ter um chamariz maior para o consumidor”, disse o chefe do setor de Medição de Fluidos.