São Paulo – Se havia dúvidas a respeito da retomada da indústria automotiva brasileira, elas foram eliminadas após a divulgação dos resultados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Entre janeiro e outubro, foram vendidos no Brasil 2,28 milhões de veículos, o melhor desempenho para o período desde 2014, e 8,7% a mais do que nos 10 primeiros meses de 2018.
Os resultados da produção também surpreenderam. Em outubro, a produção de veículos no país cresceu 16,6% na comparação com setembro e 9,6% em relação ao mesmo mês do ano passado. De acordo com a Anfavea, foram fabricados em outubro 288.512 autoveículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus), contra 263.186 no mesmo mês de 2018.
“Todos os números estão de acordo com a nossa projeção para o fechamento do ano”, diz Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea. “Os resultados indicam o terceiro ano de recuperação do setor automotivo como um todo, mesmo com a queda nas exportações”. Moraes diz que o setor deverá encerrar 2019 com a marca de 2,67 milhões de carros emplacados, um aumento de 8,1% diante do ano anterior. A produção, nas projeções da entidade, subirá 2,1%, totalizando 2,94 milhões de unidades.
Mais uma vez, os caminhões foram o principal destaque dos números apresentados pela Anfavea. As vendas em outubro somaram 9,4 mil unidades, volume 19,3% superior ao anotado no mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano até outubro, as entregas alcançaram 83,6 mil unidades, alta de 37,9% em relação ao resultado obtido há um ano.
“O setor de caminhões mostra um crescimento robusto, que cria boas expectativas para o futuro”, afirma Marco Antonio Saltini, vice-presidente da Anfavea para o segmento de pesados. “O desempenho até aqui confirma nossa projeção para 2019 de uma evolução de 35% e indica claramente a mudança de patamar ocorrida nos últimos dois anos, em um ambiente de negócios que vem melhorando pouco a pouco”.
O desempenho em 2019 deve ser comemorado por uma razão especial: o setor conseguiu driblar a crise na Argentina, principal destino das exportações da indústria automotiva nacional.
Em outubro, foram embarcadas apenas 30 mil unidades, uma queda de 18,2% sobre setembro e de 22,6% em relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, as exportações encolheram 34,7%, de 563 mil veículos em 2018 para 367,5 mil em 2019. Em termos de receitas, as perdas foram substanciais, de US$ 12,8 bilhões para US$ 8,4 bilhões.
Em outubro, foram embarcadas apenas 30 mil unidades, uma queda de 18,2% sobre setembro e de 22,6% em relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, as exportações encolheram 34,7%, de 563 mil veículos em 2018 para 367,5 mil em 2019. Em termos de receitas, as perdas foram substanciais, de US$ 12,8 bilhões para US$ 8,4 bilhões.
A crise econômica da Argentina é a principal responsável pelo declínio das exportações brasileiras de automóveis. Até outubro, os embarques para o país vizinho totalizaram 186,5 mil unidades, volume 52% inferior ao registrado nos primeiros 10 meses do ano passado. Como não poderia deixar de ser, a participação da Argentina nos negócios das montadoras brasileiras caiu de 72,5% para 51% no período de um ano.
Para que as exportações se recuperem, a Anfavea espera uma maior aproximação com o novo governo argentino. “Com a Argentina, nós começamos a sofrer em maio do ano passado”, afirma Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade.
“Este ano, tivemos uma queda superior a 50%. A Argentina é nosso maior parceiro em termos de indústria no setor automobilístico. Então, a gente entende que o governo brasileiro e o argentino têm que encontrar o caminho para, com bom senso e sem ideologias, tratar de negócios”.
“Este ano, tivemos uma queda superior a 50%. A Argentina é nosso maior parceiro em termos de indústria no setor automobilístico. Então, a gente entende que o governo brasileiro e o argentino têm que encontrar o caminho para, com bom senso e sem ideologias, tratar de negócios”.
A indústria automobilística é um termômetro importante do vigor da economia brasileira. Além de responder por 10% da indústria nacional, ela é uma forte geradora de empregos. Em um cenário com 12,5 milhões de pessoas sem oportunidades de trabalho, a retomada do setor pode ser vista como um alento para profissionais de diversas áreas.