As promoções da Semana do Brasil e o início dos saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) podem ter ajudado a alta de 0,7% nas vendas do varejo em setembro ante agosto, segundo Isabella Nunes, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"As atividades que cresceram são atividades que eventualmente podem ter respondido a essa promoção (Semana do Brasil). Houve promoção de 7 a 15 (de setembro) em algumas atividades e a liberação de FGTS começando em setembro, embora o grosso venha no quarto trimestre", citou Isabella.
Sete entre as oito atividades do varejo registraram crescimento na passagem de agosto para setembro. As principais contribuições positivas foram de Móveis e eletrodomésticos (5,2%), Tecidos, vestuário e calçados (3,3%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,8%), Combustíveis e lubrificantes (1,2%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,5%). Os setores de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,2%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (0,2%) cresceram com menor vigor.
O arrefecimento no ritmo de crescimento dos supermercados impediu uma alta mais elevada da média global do varejo, ressaltou Isabella Nunes.
"O grupamento de supermercados, que vinha crescendo, mostra desaceleração, mas pela parte de consumo de itens pessoais, não pela parte de alimentos, que continua crescendo", ponderou a pesquisadora do IBGE.
A única perda no varejo restrito em setembro ocorreu em Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,0%), após um avanço de 3,8% no mês anterior.
Considerando o comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, o volume de vendas subiu 0,9% em setembro ante agosto. O setor de Veículos, motos, partes e peças cresceu 1,2%, enquanto Material de construção teve elevação de 1,5%.
"Mês de setembro tem particularidades que influenciam essa comparação (ante agosto)", disse Isabella. "Conjuntura continua bem parecida, crescendo número de ocupados, mas o volume de informais tem impacto na renda, que está estagnada. A informalidade reduz capacidade da renda crescer", acrescentou.
Efeito calendário
Quatro entre oito atividades do comércio varejista registraram recuo nas vendas em setembro deste ano em relação a setembro do ano passado, segundo o IBGE. Na média global, porém, as vendas cresceram 2,1% no período, a sexta taxa positiva seguida.
"Nessa comparação anual, tende a ser relativizado o avanço de 2,1% por conta do efeito calendário", ponderou Isabella.
O mês de setembro de 2019 teve dois dias úteis a mais do que setembro de 2018. Houve avanços em Outros artigos de uso pessoal e doméstico (8,5%), Móveis e eletrodomésticos (8,2%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (6,7%).
O setor de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo manteve-se próximo da estabilidade, com ligeira alta de 0,1%.
As perdas ocorreram em Combustíveis e lubrificantes (-0,5%), Tecidos, vestuário e calçados (-1,8%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-1,3%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (-15,7%).
Quanto ao varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, as vendas cresceram 4,4%, também a sexta taxa positiva consecutiva. O setor de Veículos, motos, partes e peças cresceu 10,5%, enquanto Material de construção teve expansão de 5,7%.
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