São Paulo – Câmeras compactas e potentes, lentes com alta capacidade de ajuste de ângulo e luz, tecnologia 5G e aumento da concorrência entre as principais fabricantes globais. Essas foram algumas das razões que levaram ao reaquecimento das vendas de smartphones em todo o mundo, no terceiro trimestre deste ano.
Segundo levantamento da consultoria International Data Corporation, mais conhecida como IDC, o mercado global de smartphones apresentou melhoras depois de sete trimestres consecutivos de vendas fracas. De acordo com o relatório da consultoria, entre julho e setembro, as vendas de smartphones avançaram 0,8% em relação ao mesmo período do ano passado, e 8,1% na comparação com o trimestre anterior.
“Embora existam muitos desafios nos principais mercados internacionais, algumas empresas estão se destacando. A Huawei, por exemplo, dobrou sua participação no mercado chinês neste terceiro trimestre”, afirma Melissa Chau, executiva de pesquisas do IDC. Por outro lado, a guerra declarada pelos Estados Unidos à chinesa Huawei abriu espaço para outras marcas avançarem. “A Samsung se beneficiou mais internacionalmente dos problemas da Huawei, aumentando a linha A de smartphones mais acessíveis, enquanto, na China, os outros concorrentes domésticos sentiram o crescimento da Huawei”, completa a especialista.
Entre as gigantes da tecnologia, a Samsung e a Oppo – marca de origem chinesa que não existe no Brasil – apresentam bom crescimento, mas o grande destaque do trimestre foi a Huawei, que saiu de 52 milhões de unidades vendidas em 2018, para 66,6 milhões em 2019, salto de 28,2% no crescimento das vendas. A Apple apresenta leve queda, de 0,6%, enquanto a Xiaomi foi a empresa do top 5 que mais caiu neste último semestre, com encolhimento de 3,3% das vendas (veja quadro com o ranking).
Segundo o IDC, o levantamento mostra que o mercado está ligeiramente aquecido. No entanto, a confirmação do cenário de alta só poderá ser atestado após Black Friday, Natal e ano-novo, datas mais fortes do ano para a venda de smartphones, ao lado do Dia das Mães.
COREANA EM QUEDA
Na contramão do crescimento global está a coreana LG. De acordo com o balanço da companhia, no terceiro trimestre, o segmento de smartphones caiu 24,5%, um dos piores resultados dos últimos anos. Em seu relatório ao mercado, a empresa atribuiu a retração a um mercado global competitivo e saturado. O total acumulado em vendas foi de US$ 1,27 bilhão.
Enquanto isso, todos os demais segmentos foram bem. Entre julho e setembro deste ano, a fabricante teve faturamento total de US$ 13,15 bilhões e lucro operacional de US$ 654,4 milhões. As vendas cresceram 1,8% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto a entrada de dinheiro cresceu 4,4%, com praticamente todos os setores da companhia performando no azul.
A Divisão de Equipamentos Domésticos teve o terceiro maior total de vendas de sua história para um terceiro trimestre, com crescimento de quase 10% em relação ao mesmo período do ano passado.
No Brasil, a LG se beneficiou da queda nos preços de matérias-primas e também dos esforços de reorganização interna, que acompanharam crescimento no sucesso dos produtos da área. Já a América Latina e o Oriente Médio foram destaques no setor de entretenimento doméstico, com o sucesso de televisores OLED, que levou a um aumento de 8,2% nas margens operacionais. No mercado brasileiro, no entanto, foi registrada leve queda nos lucros, por conta de variações cambiais, que tiveram impacto direto nos preços dos produtos, mas de maneira controlada e esperada pela companhia.
APPLE QUER A LIDERANÇA
Embora, atualmente, não tenha aparelho com 5G, a Apple almeja a liderança do segmento já no ano que vem. De acordo com a Strategy Analytics, consultoria especializada no mercado de tecnologia móvel, a empresa da maçã está preparada para assumir o topo do mercado, com o lançamento de iPhones que funcionarão como modens 5G.
Para Ken Hyers, diretor da Strategy Analytics, a empresa tem tudo para assumir a primeira colocação, já que todos os aparelhos 5G, por enquanto, são caros e voltados às classes A e B, grupo de consumidores que têm grande afinidade com a companhia fundada por Steve Jobs.
O fato é que o mercado de smartphones deverá ser marcado por um acirramento da concorrência em 2020, alimentado pela proliferação do 5G. “Atualmente, a Samsung é a líder indiscutível do mercado em smartphones 5G. Mas, com os dois maiores mercados 5G em 2020, China e Estados Unidos, dominados pela Huawei e Apple, esses dois fornecedores deverão liderar o 5G no próximo ano”, disse Ville-Petteri Ukonaho, diretor da Strategy Analytics.
Comercialização deve dobrar em 2021, diz Qualcomm
Maior fabricante global de chips para celulares, a Qualcomm calcula que as empresas do setor devem vender 450 milhões de unidades de smartphones dotados da nova tecnologia de banda larga móvel de quinta geração e outros 750 milhões de aparelhos em 2022. Já a projeção para 2021 aponta para uma alta de 125% na comparação com o resultado de 2020.
De acordo com a companhia, a implementação do 5G deve ser mais rápida do que o 4G, em decorrência do tempo de comercialização da nova tecnologia na China e a disponibilidade de chipsets em diferentes faixas de preços.
O mercado chinês é a grande locomotiva do 5G no mundo. De acordo com um relatório da IDC, as vendas de celulares 5G na China chegaram a 485 mil unidades apenas no terceiro trimestre de 2019. O número mostra que os consumidores já estavam se preparando para o lançamento de serviços comerciais de 5G, que começaram no fim de outubro.
DESTAQUE
A consultoria afirma que a maioria das unidades vendidas estava na faixa de preço de US$ 700 ou mais, mas também houve procura por aparelhos mais baratos. Quem se destacou nas vendas foi a fabricante chinesa Vivo, que lançou dois modelos 5G em um mês, para as faixas mais premium, e também modelos mais intermediários. Com a estratégia, ela conquistou mais da metade das vendas (54,3%) no período.
Por outro lado, a Samsung e a Huawei lançaram aparelhos mais caros, acima de US$ 700, e responderam, respectivamente, por 29% e 9,5% do mercado. A ZTE e a China Mobile se concentraram na faixa de US$ 600 e US$ 650 e conseguiram 1,5% e 1,1%. Já a Xiaomi lançou apenas aparelhos abaixo de US$ 550, o que lhe garantiu 4,6% do mercado chinês. A construção da rede 5G na China vem aumentando rapidamente com o apoio do governo e das políticas de construção e compartilhamento entre as operadoras, segundo o IDC.