O comércio varejista apostou pesado na venda de eletroeletrônicos para a Black Friday, nesta sexta-feira, 29, e para o Natal. Depois de um período de consumo reprimido desses produtos por causa crise e agora com a alta do dólar, que pode deixar os eletroeletrônicos mais caros no começo do ano que vem, a indústria produziu para as duas datas um volume 9,6% maior no terceiro trimestre deste ano do que no mesmo período de 2018, segundo levantamento da Eletros, associação que reúne os fabricantes do setor.
Como os estoques da indústria estão cada vez mais enxutos, a produção praticamente equivale ao que foi vendido para as lojas. O grande destaque do terceiro trimestre foi a produção de eletroportáteis, que cresceu 29,4% na comparação anual - na categoria se incluem liquidificadores e ventiladores, por exemplo. Na sequência aparecem eletrodomésticos de grande porte (linha branca), com alta de 8,8%, e a linha de áudio e vídeo, com avanço de 2,28% no período.
Segundo o presidente da Eletros, José Jorge do Nascimento Júnior, os lojistas apostaram nos eletroportáteis, pois são itens mais baratos. "São produtos de fácil acesso e, com o cenário de crise dos últimos anos, os consumidores têm optado por eletroportáteis."
Nascimento Júnior explica que os eletroeletrônicos produzidos para o fim de ano levam componentes importados que foram comprados com dólar abaixo de R$ 4. Agora, com a disparada do câmbio, que tem passado de R$ 4,20 nos últimos dias, o preço dos eletroeletrônicos poderá subir no ano, se o dólar se estabilizar nesse novo patamar, prevê.
Neste ano, de janeiro a setembro, a produção da indústria acumulou alta de 9,1% em relação ao mesmo período do ano passado. "Todo crescimento é bem-vindo. Ele mostra uma tendência de recuperação", diz o presidente da Eletros. Mas ele pondera que a base de comparação ainda é fraca e, mesmo com esse avanço, a produção da linha branca está abaixo do período anterior à crise, 2010 e 2012.
Para 2020, Nascimento Júnior diz que as expectativas são favoráveis, mas admite que a alta do câmbio traz incertezas. "Reforma tributária e abertura comercial também são no cenário atual os pontos de maior sensibilidade para o desenvolvimento do setor."
'Esquenta'
Mesmo antes da data oficial,o faturamento no comércio eletrônico já supera o esperado pelo mercado. Segundo levantamento da consultoria Ebit/Nielsen, as 12 primeiras horas de quinta-feira, 28, movimentaram R$ 149 milhões, crescimento de 24% em relação ao mesmo dia pré-evento no ano passado.
"Importante lembrar que, em 2018, a Black Friday aconteceu uma semana antes, acompanhada de um feriado", diz Ana Szasz, líder da Ebit/Nielsen. "O consumidor recebe no dia 29 a primeira parceira do 13.° salário, com dinheiro no bolso e já pensando no Natal, o brasileiro aproveita a oportunidade e a facilidade do e-commerce para fazer suas compras."
Entre os dias 25 e 27 de novembro, as vendas online totalizaram R$ 751 milhões, alta de 49% em relação ao ano anterior. "Verificamos que no esquenta da Black Friday deste ano, o varejo se mostrou mais preparado", comenta Ana. "Conhecendo as necessidades do mercado, ele conseguiu traçar estratégias mais assertivas com parceiros e fornecedores."
Já o volume de pedidos ultrapassou a marca de 308,5 mil, expansão de 11% em relação a 2018, que foi de 277 mil. Nessas primeiras horas, o tíquete de compra médio foi de R$ 483, 12% maior que no mesmo período do ano passado.
De acordo pesquisa da Promobit, plataforma online que reúne diversos produtos à venda, o volume de ofertas na quinta-feira já era três vezes maior que a média do dia. Até a tarde de quinta-feira, já haviam sido compartilhadas 1.600 ofertas na plataforma e a média de ofertas em um dia normal é de 500. "É bastante comum muitas lojas já liberarem boas ofertas na véspera, para fugir da concorrência da meia-noite", explica Fabio Carneiro, cofundador do site. "Para quem quer economizar, vale a pena ficar de olho nas promoções até sexta-feira à noite." / COLABOROU FELIPE LAURENCE
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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