O investimento na infraestrutura crescerá este ano, mesmo que marginalmente. Segundo apuração da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), o investimento em infraestrutura em 2019 deve atingir R$ 131,7 bilhões, contra R$ 122,8 bilhões em 2018, em números atualizados pelo IPCA a preços de 2018. Em 2017, os investimentos atingiram R$ 115,2 bilhões. Em 2016, R$ 117,5 bilhões, pelos mesmos critérios.
Já em 2020, o setor de infraestrutura, cujos investimentos estão em patamar muito baixo depois de recuarem significativamente nos últimos anos, contribuirá de forma mais positiva para a recuperação da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) e da economia como um todo.
"Estamos patinando ainda nessa área", resume Venilton Tadini, presidente-executivo da Abdib. "Mas em 2020, as perspectivas são mais promissoras para a infraestrutura, sobretudo devido às iniciativas adotadas e ainda em curso em setores como petróleo e gás natural, saneamento básico, energia elétrica e transportes, que devem propiciar um crescimento dos investimentos", explica
O executivo da Abdib menciona reformas regulatórias importantes em andamento como a do saneamento - que vão impulsionar os investimentos. "Os investimentos na infraestrutura vão começar a crescer de forma mais acelerada e isso vai ajudar a puxar a taxa de crescimento econômico para cima", conclui Tadini.
O presidente-executivo da Abdib ressalta ainda que os investimentos públicos na infraestrutura continuam em um patamar muito deprimido e que é preciso recuperá-los para que os aportes do Estado contribuam, ao lado do investimento privado, para a retomada mais vigorosa da economia.
"Nos últimos 15 anos, o Brasil nunca investiu mais do que 2,4% do PIB em infraestrutura, mas necessita investir 4,31% do PIB por ano, ao longo de no mínimo dez anos seguidos, para reduzir gargalos à competitividade e aumentar a produtividade", diz Tadini.
Nível pré-crise
Indicador de investimentos da indústria na composição do Produto Interno Bruto (PIB), a FBCF mostrou crescimento de 3% no acumulado de 12 meses encerrado em setembro. Mas, segundo a Abdib, a taxa de investimento está há 66 meses abaixo do nível pré-crise, em abril de 2014, marco considerado pelo Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace) da FGV como o início do movimento de deterioração mais recente da economia brasileira. Os dados se baseiam no indicador do Ipea de FBCF até setembro de 2019.
Está ocorrendo uma lenta recuperação do investimento desde dezembro de 2018, mas, apesar disso, o indicador de FBCF ainda está 20 pontos percentuais abaixo do patamar pré-crise. Em outras crises econômicas, a recuperação da variável de investimentos foi mais rápida.
"A recuperação dos investimentos está e tende a continuar lenta, a não ser que haja utilização de instrumentos de política fiscal para influenciar uma retomada mais dinâmica e acelerada", diz Tadini.
No terceiro trimestre de 2019, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a FBCF cresceu 2% ante o segundo trimestre e avançou 2,9% na comparação com o terceiro trimestre do ano passado.
Mas, para a Abdib, a recuperação do investimento é o desafio que permanece com mais urgência na economia brasileira e o setor de infraestrutura, que apresenta grande defasagem, pode contribuir para a aceleração necessária.
O PIB agregado cresceu 0,6% no 3º trimestre frente ao 2º trimestre de 2019, na série com ajuste sazonal. Em relação a igual período de 2018, o crescimento foi de 1,2%. No acumulado em quatro trimestres terminados no 3º trimestre de 2019, o PIB registrou crescimento de 1%, frente aos quatro trimestres imediatamente anteriores.
Já no acumulado do ano até o mês de setembro, o PIB cresceu 1% em relação a igual período de 2018. Para a Abdib, o resultado é bom, sobretudo porque o valor adicionado absoluto ocorre em cima de uma base (PIB de 2018) revisada para cima.
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