A economia de Minas Gerais encolheu 0,4% no terceiro trimestre deste ano, após ter enfrentado retração de 0,6% de abril a junho, ambos os períodos comparados aos trimestres anteriores, informou ontem a Fundação João Pinheiro, de Belo Horizonte. A queda, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto da produção de bens e serviços) é explicada em razão de dois choques, de grande impacto, que afetaram o estado. De um lado, persistiu a redução da atividade da mineração, ainda impactada pelo desastre da Barragem de Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, que deixou 257 pessoas mortas e 13 ainda estão desaparecidas. De outro, predominou o mau desempenho da safra mineira de café.
Segundo relatório divulgado pela Fundação João Pinheiro, no segundo trimestre, ocorreu retração significativa do volume de produção mineral no estado, devido à paralisação de unidades produtivas da Vale, e “da supervisão mais rigorosa das demais barragens, com a consequente suspensão temporária na operação de várias minas”. No terceiro trimestre, a retração da economia esteve associada ao desempenho do setor agropecuário e, particularmente, ao efeito da baixa produção no ciclo bianual da cafeicultura.
O mesmo fenômeno ocorreu em relação à taxa acumulada no ano até o terceiro trimestre de 2019. Enquanto no estado houve decréscimo de 0,4% do PIB, no Brasil, houve acréscimo de 1%. A magnitude da queda no nas atividades do setor agropecuário em Minas Gerais impressionou, de acordo com a Fundação João Pinheiro. Houve retração de 14,5% no terceiro trimestre de 2019 em relação ao trimestre imediatamente anterior e de 17,1% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado. No Brasil, essas taxas foram positivas com percentuais, respectivamente, de 1,3% e 2,1%.
O desempenho da agricultura também foi determinante para o resultado negativo em Minas Gerais no terceiro trimestre do ano. A Fundação João Pinheiro estimou recuo de 20,7% no volume anual produzido de café no estado. “Como o café representa quase 38% do Valor Bruto de Produção (VBP) agrícola e teve 64,9% da safra colhida no terceiro trimestre entende-se a influência da cafeicultura no resultado da agropecuária estadual nesse trimestre.
O PIB de Minas também fechou no vermelho nos 12 meses completados em setembro passado, quando enfrentou queda de 0,2% frente ao resultado registrado nos 12 meses acumulados até setembro de 2018. Na mesma base de comparação, o país teve expansãoo de 1%.
Concentração persiste
Terminada a última recessão econômica, a riqueza ainda permanecia concentrada no país. Em 2017, sete municípios detinham cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto da produção de bens e serviços), de acordo com levantamento feito sobre os PIBs municipais pelo Imstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As maiores cidades naquele ano foram: São Paulo (com 10,6% do PIB brasileiro), Rio de Janeiro (5,1%), Brasília (3,7%), Belo Horizonte (1,4%), Curitiba (1,3%), Osasco/SP (1,2%) e Porto Alegre (1,1%). Juntos, esses municípios representavam 13,6% da população brasileira.
Quando somados os 69 municípios brasileiros mais ricos em 2017, chegava-se praticamente à metade do PIB nacional. Ou seja, pouco mais de 1% dos 5.570 municípios brasileiros gerava 50% da produção de bens e serviços do país. Por outro lado, os 1.324 municípios mais pobres responderam por apenas 1% do PIB nacional.
A gerente de Contas Regionais do IBGE, Alessandra Poça, avaliou que o fato de 69 municípios representarem metade do PIB significa que há uma concentração econômica muito grande e “isso não muda de ano para outro”. O que se observa é que esses grandes municípios, independentemente do recorte que seja dado, vêm perdendo participação a cada ano.
“Isso é uma constante. Ocorre porque os outros municípios estão aumentando sua economia.” As grandes cidades estão perdendo participação relativa, mas esse processo ainda é uma coisa muito lenta, explicou a gerente do IBGE. Se consideradas as concentrações urbanas, regiões com mais de 100 mil habitantes que reúnem uma ou mais cidades com alto grau de integração, apenas duas delas detinham, juntas, um quarto do PIB brasileiro: São Paulo/SP (17,3%), que inclui o município de Osasco (SP); e Rio de Janeiro/RJ (7,7%).
As 10 maiores concentrações urbanas brasileiras eram responsáveis, juntas, por 43% do PIB: São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, Brasília/DF, Belo Horizonte/MG, Porto Alegre/RS, Curitiba/PR, Campinas/SP, Salvador/BA, Recife/PE e Fortaleza/CE.