O secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, reiterou ontem que o governo tem trabalhado para reduzir o chamado "custo Brasil" para que a indústria brasileira seja mais competitiva. Ele reforçou a intenção do governo em abrir o mercado brasileiro, mas ressaltou que isso ocorrerá de forma gradual.
"Não temos dúvida da necessidade de agregar valor nas cadeias internas e gerar mais empregos. Temos que produzir mais calçados e exportar menos couro, temos que esmagar mais soja dentro do Brasil. Exportar mais é a prova da competitividade", avaliou Carlos da Costa.
O secretário defendeu a reforma tributária e a redução do custo da energia, sobretudo do gás natural. Costa também citou as discussões sobre marcos regulatórios do setor de infraestrutura, como medidas para a redução do custo de se produzir no País. "Não é possível que exportemos automóveis para a Argentina por termos mercado comum e que não consigamos exportar para Colômbia e Peru, devido ao custo Brasil", completou, com representantes do setor produtivo.
Ele acrescentou que a abertura comercial que o governo planeja para o Brasil terá previsibilidade e será transversal, ou seja, sem a escolha de setores específicos. "A abertura ocorrerá na mesma velocidade do aumento da competitividade do setor produtivo. Realizaremos a abertura comercial seguindo esses princípios", repetiu.
O secretário citou o acordo firmado neste ano entre o Mercosul e a União Europeia para dizer que o governo buscará ampliar a abertura comercial por meio de outros acordos, mas sinalizou que a estratégia da equipe econômica é buscar uma abertura abrangente da economia brasileira.
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, cobrou um cronograma com metas concretas para a redução do custo Brasil. "A abertura é necessária para o nosso setor e para o País, e os acordos comerciais são mecanismos bons para fazer isso. Queremos importar mais, mas queremos exportar muito mais", afirmou.
Da mesma forma, o presidente da Abicalçados, Haroldo Ferreira, avaliou que uma abertura comercial unilateral seria "devastadora" para a indústria. "Abertura comercial que não seja feita por meio de acordos comerciais seria devastadora. Enquanto não reduzirmos o custo Brasil, uma revisão unilateral das tarifas seria muito ruim", completou.