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Estado de Minas FINANÇAS

Bolsa de valores dá vez aos iniciantes; veja dicas sobre melhores investimentos

Aplicação em ações, que teve valorização de quase 32% em 2019, abre espaço para pequenos investidores, assim como os estreantes num ano embalado pelos juros mais baixos no Brasil


postado em 05/01/2020 04:00 / atualizado em 05/01/2020 08:07

Especialista ensina que percentual da renda do aplicador destinado às ações e a frequência das operações são mais importantes do que o valor (foto: Cris Faga/Fox Press/Estadão Conteúdo %u2013 25/5/17)
Especialista ensina que percentual da renda do aplicador destinado às ações e a frequência das operações são mais importantes do que o valor (foto: Cris Faga/Fox Press/Estadão Conteúdo %u2013 25/5/17)

O juro básico mais baixo da história no Brasil dá novo gás aos investimentos na bolsa de valores. A B3 foi turbinada no ano passado, com valorização de quase 32%, não só pela festejada guinada neoliberal da política econômica sob comando do ministro Paulo Guedes, como também subiu ao sabor das polêmicas declarações do próprio Guedes, do presidente Jair Bolsonaro, de seus filhos e auxiliares. Quem pensa que só os tubarões militam nesse mercado se engana. Pequenos investidores têm condições de se lançar na bolsa e aproveitar a oportunidade que a aplicação oferece.
 
Em 2019, o número de investidores pessoas físicas na B3 ultrapassou 1,6 milhão, o dobro do verificado no ano anterior.A Selic, aquela taxa que remunera os títulos do governo no mercado financeiro e serve de referência para as operações nos bancos e no comércio, desceu a 4,5% ao ano. Se a meta do investidor é aumentar o patrimônio, investir em ações pode ser uma boa alternativa, recomenda o analista-chefe da Toro Investimentos, Rafael Panonko, que é também colunista do Estado de Minas. Investidores de todo porte podem negociar ativos de participações em empresas com relativa facilidade, segundo o especialista.
 
“Investir é mais fácil do que as pessoas imaginam. Todo mundo, hoje, consegue investir na bolsa, não precisa ter grande patrimônio”, diz Panonko. O analista afirma que com R$ 5 mil já é possível compor uma carteira diversificada. “É possível fazer com um valor menor, mas a diversificação fica prejudicada.” No entanto, na visão dele, o percentual da renda que o investidor consegue alocar e a frequência das aplicações são fatores mais importantes do que a quantidade inicial investida.
 
Destinar parcela do 13º salário, por exemplo, é uma forma de começar. “Algumas pessoas começam com pouco dinheiro, mas podem acumular mais”, explica Panonko. Para o especialista, é importante começar no mercado de capitais com uma mentalidade focada no longo prazo e na acumulação de patrimônio, e não com a visão imediatista de ganhar dinhiro. “O segredo no mercado de ações não é apurar muito dinheiro no curto prazo correndo grandes riscos. E sim, ter a consistência de boas rentabilidades no longo prazo, sabendo gerenciar os riscos”, ensina.
 
Ele recomenda que o investidor conservador ou iniciante em ações, antes de tudo, se dedique a estudar e conhecer como o processo de aplicação nesse tipo de ativo. O próximo passo é escolher uma corretora com a qual o investidor se identifique e que esteja alinhada aos seus interesses. Na avaliação de Panonko, é preciso procurar corretoras que ofereçam bom atendimento e conteúdos educacionais de qualidade. Ou seja, não se deve avaliar apenas os custos, e sim se o ambiente de negócios é facilitado e simples.

Riscos


A bolsa de valores brasileira busca convencer o pequeno investidor de que é possível se aventurar no mercado de capitais. O site da empresa disponibiliza cursos on-line sobre compra e venda de ações, bem como renda variável em geral e outras modalidades de investimentos. Um dos textos afirma que investir na bolsa é menos arriscado do que muitos pensam.
 
“Ser sócio de uma ou várias empresas de grande porte é certamente menos arriscado do que ser dono de um negócio próprio”, compara. Um “mito” que a B3 pretende quebrar ao disponibilizar essas informações é de que investir em ações é apenas para ricos. “Investidores de qualquer porte podem comprar e vender ações com segurança e facilidade”.
 
De qualquer forma, existe um perfil que melhor se encaixa na bolsa. Segundo a bolsa, o investimento em ações é indicado para aqueles que aceitam o risco de colocar dinheiro em um ativo de alta volatilidade. Ou seja, que toleram perder boa parte ou todo o dinheiro investido. O curso no site da B3 define que, ao investir em ações, o investidor está sujeito a dois tipos de riscos. Um é o risco de mercado, que diz respeito à alta volatilidade das ações, o que se deve à imprevisibilidade dos preços dos papéis. “Quanto maior a volatilidade, maior é o risco. Algumas ações são mais voláteis que outras, dependendo das características de cada empresa”, esclarece o texto.
 
Outro risco é o de liquidez, que é o tempo que se leva para transformar as ações em dinheiro. De acordo com a B3, como as negociações na bolsa brasileira chegam diariamente a bilhões de reais, normalmente as ações têm boa liquidez. Contudo, nem todos os ativos são muito negociados. Ou seja, é preciso analisar o risco de liquidez de cada papel, de acordo com “o volume médio de negócios de ações de uma empresa e o montante que um investidor pretende alocar naquela ação”.
Porém, segundo a bolsa brasileira, esses riscos não são diferentes do que os do mercado de imóveis, por exemplo. “No mercado acionário, os riscos são mitigados pela transparência, forte fiscalização e atuação de órgãos reguladores, liquidez e facilidade de diversificação.” Em 2019, o investimento em ações foi o que rendeu maior retorno no Brasil. O Ibovespa, principal índice da bolsa, se valorizou 31,58% no ano, superando as aplicações em ouro, que renderam 28,1%.

* Estagiário sob supervisão da subeditora Marta Vieira


O melhor é diversificar

Diversificar os segmentos das empresas das quais se compram participações o quanto puder é outra recomendação para que o aplicador reduza o risco inerente a esse tipo de investimento. “A diversificação é o melhor caminho para todos os tipos de investidores”, diz Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos. Além disso, diversificar as modalidades de investimento também ajuda a reduzir os perigos.
 
O mais indicado, de acordo com Panonko, é que as ações formem uma carteira de investimentos variada. O analista-chefe da Toro Investimentos explica que fundos imobiliários e uma pequena percentagem de investimentos no exterior, atrelados ao dólar, são boas opções para compôr uma carteira saudável. Essas modalidades entram ao lado das ações e aplicação de renda fixa, que pode servir como um fundo de emergência.
 
Segundo o analista de investimentos, todo esse processo deve ser feito individualmente, até porque cada investidor deve fazer com regularidade uma análise de perfil de aptidão ao risco. Trata-se de uma classificação que denomina os conservadores, moderados ou arrojados. “Querer seguir dicas e fazer o que outros investidores estão fazendo, na maioria das vezes, não dá certo. Cada pessoa tem objetivos diferentes”, esclarece.
 
Mirando no pequeno investidor de varejo, nesta semana a B3 anunciou que vai reduzir em cerca de 10% a tarifa cobrada para a negociação de ações pelas pessoas físicas em geral. A taxa de manutenção de conta, de R$ 110 ao ano, será zerada. A expectativa é que as mudanças sejam oficializadas ao longo de 2020. Segundo a B3, as alterações representam um corte de R$ 250 milhões em tarifas anuais pagas pelos investidores na bolsa brasileira, se considerado o volume negociado nos últimos 12 meses.
 
O presidente da B3, Gilson Finkelsztain, afirmou no fim do ano passado que a instituição começou a pensar em reduzir a tarifação depois de perceber que muitas corretoras estavam absorvendo esses custos e não os repassavam aos clientes. A aposta da bolsa é que, na esteira dos juros baixos, o perfil do investidor brasileiro tenda a renda variável e que há potencial nesse cenário para a ampliação da base de investidores pessoa física. “Estamos sensíveis à questão de tarifação para garantir que o crescimento da pessoa física continue”, declarou Finkelsztain.

Para começar


» Tenha mentalidade de longo prazo ao investir em ações
O comportamento indicado na bolsa de valores é ter foco longo na acumulação de patrimônio. Quem procura ganhar muito dinheiro rapidamente aumenta os riscos que corre

» Não é preciso ter muito dinheiro para investir
Com R$ 5 mil já é possível adquirir uma carteira de papéis diversificada. Com menos de R$ 30 o investidor já consegue comprar participação em uma empresa, mesmo que pequena

» Ações são investimento para quem tolera risco
Como os preços das ações não são totalmente previsíveis, o perfil do investidor no mercado de capitais é mais arrojado do que no de renda fixa.  É necessária análise de aptidão ao risco

» Estude e aprenda sobre o mercado de capitais
Em razão da volatilidade, as perdas podem ser grandes e é mais perigoso para o investidor que não conhece a dinâmica do mercado. Dedicar-se a entender o processo é fundamental

» Não faça o que os outros investidores estão fazendo
Cada um tem objetivos e um perfil de aptidão a riscos distintos. Por isso, não é recomendável seguir dicas e o que outros investidores fazem na bolsa

» Procure uma corretora alinhada com seus interesses
A escolha da corretora deve fazer sentido com os objetivos pessoais de cada investidor. Busque bom atendimento, processo de negociação facilitado e materiais educativos

» Diversifique a carteira de ações e de investimentos em geral
Para ter carteira saudável e protegida de grandes riscos, devem-se adquirir participações em empresas de diferentes setores. Ações devem ser apenas uma modalidade de investimentos




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