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Estado de Minas

Empresas da Grande BH e Zona da Mata contabilizam prejuízos com as chuvas

Depois das fortes tempestades que castigaram Minas Gerais, indústrias se organizam para tentar se recuperar, dimensionando os estragos e consertando máquinas


postado em 03/02/2020 04:00 / atualizado em 03/02/2020 09:34

Empresa Estrutural Pinturas, especializada em pintura eletrostática a pó, no Distrito industrial Simâo da Cunha, teve grande prejuízo com as chuvas (foto: Estrutural Pinturas/Divulgação)
Empresa Estrutural Pinturas, especializada em pintura eletrostática a pó, no Distrito industrial Simâo da Cunha, teve grande prejuízo com as chuvas (foto: Estrutural Pinturas/Divulgação)
Os impactos em diversos segmentos da indústria de Minas Gerais causados pelas fortes chuvas que atingiram o estado nas últimas semanas ainda estão sendo contabilizados. Na Grande Belo Horizonte e na Zona da Mata mineira, industrialistas contabilizam prejuízos com equipamentos e instalações. Enquanto isso, o setor se organiza para tentar se recuperar, consertando as máquinas e analisando a dimensão dos estragos.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Minas (Senai/MG) criou uma força-tarefa de 40 pessoas para ajudar na recuperação de empresas prejudicadas pelos estragos causados pelas chuvas recordes nos pátios industriais. Segundo o diretor-regional da instituição, Christiano Leal, o grupo é composto de 15 profissionais de manutenção e 25 especialistas.

Os esforços serão concentrados em três frentes: limpeza técnica, manutenção dos equipamentos e reestabelecimento de energia elétrica. Ainda de acordo com o dirigente, o grupo atenderá as demandas dos empresários assim que forem recebidas, não se limitando a um segmento industrial específico.

Questionado sobre a possibilidade de oferecer cursos de capacitação em manutenção nas máquinas afetadas pela água, Leal afirma que não houve necessidade “por serem prejuízos pontuais”. Segundo ele, o projeto continuará ativo até o fim do período chuvoso.

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), com apoio dos sindicatos industriais regionais, ainda está recebendo relatos dos empresários que foram afetados pelas chuvas. Por isso, ainda não há um levantamento detalhado sobre o prejuízo total que os temporais causaram nas indústrias de Minas.

No distrito industrial de Simão da Cunha, em Sabará, na divisa com Santa Luzia, na Região Metropolitana de BH, fábricas foram alagadas em 24 de janeiro com o enorme volume de chuvas e a subsequente elevação do nível do Rio das Velhas. O empresário Paulo Garcia, proprietário da empresa Estrutural Pinturas, especializada em pinturas eletrostáticas a pó, foi um dos afetados. Colocar os equipamentos em cavaletes não foi suficiente. Ele conta que o nível da água no pátio chegou a dois metros, danificando as máquinas e os estoques de matéria-prima. Além disso, o acesso à fábrica foi prejudicado.

“Isso traz inúmeros transtornos. Acredito que no decorrer das próximas três ou quatro semanas a gente não poderá produzir”, conta. Garcia ainda não precisou as perdas, mas estima que o prejuízo gire em torno de R$ 400 mil. “Fora o gasto que se tem com manutenção, limpeza, aluguel de máquinas”. O empresário acredita que os efeitos das chuvas ainda serão sentidos no médio prazo, já que a durabilidade dos equipamentos foi comprometida.

Agora, o empresário espera que não será necessário fazer cortes no pessoal – a empresa emprega 40 funcionários – ou pegar um empréstimo para aliviar o prejuízo. Garcia prefere não pensar sobre a prevenção de novos possíveis estragos até o fim das chuvas, com o fim do verão. “A gente tem que continuar tocando a vida da empresa, fazendo as manutenções como se não tivesse risco. Porque se pensar no risco, tem que parar e fechar as portas até o período chuvoso passar”, afirma.

Na opinião de Garcia, as prefeituras de Santa Luzia e Sabará não deram o apoio necessário aos industrialistas da região. Segundo ele, os municípios não ofereceram escavadeiras ou caminhões-pipa para ajudar a retirar a lama das ruas. “A prefeitura atua mais fortemente nos bairros e nas comunidades. Não discordo que isso seja prioritário. Mas CNPJ não vota”, afirma. Além disso, o empresário pensa que a isenção de impostos e de contas de energia elétrica e água seria benéfica para ajudar na recuperação do setor industrial da região.

Na última semana, organizações empresariais como a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) e a Federação de Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio/MG) pediram que o governo estadual isente da cobrança de impostos os comerciantes que tiveram seus estabelecimentos afetados pelas chuvas.

CANAL ENTUPIDO 


Em Contagem, na Grande BH, fábricas da Cidade Industrial também foram afetadas pelas chuvas em 19 e 20 de janeiro. A subestação da empresa Polimetal, especializada em conectores elétricos para linhas de transmissão e distribuição de energia, foi inundada. Segundo o proprietário, Roberto Baeta, há um canal fluvial entupido embaixo do galpão. “Com a chuva torrencial, abriu uma pequena cratera na passagem dessa galeria. A água não conseguiu fluir, inundando nosso imóvel”, conta.

A água chegou a um nível de 80cm, danificando máquinas e até computadores nas salas da administração. Com isso, a Defesa Civil interditou parte das instalações da companhia, paralisando as operações por pelo menos quatro dias, prejudicando o trabalho de 56 funcionários. “Um grande prejuízo para nós. Para reconstruir, vamos precisar de um volume ainda não estimado de dinheiro. Vamos ter que pagar multa por atrasar encomendas. Será um grande desequilíbrio no nosso fluxo de caixa”, lamenta o empresário.

Baeta afirma que a prefeitura já havia sido avisada do problema na galeria fluvial, mas não resolveu o problema. “Sabemos que são fatos da natureza, mas que poderiam ter sido evitados. Tem que haver obras que não sejam emergenciais e previnam os problemas”, diz.

Depois dos estragos das chuvas recordes este mês, a prefeitura não pôde ajudar, já que estava ocupada atendendo famílias desabrigadas, com o que Braga concorda. Agora, com o objetivo de evitar novos estragos até o fim do período chuvoso, eles até pensam em instalar uma comporta na entrada da fábrica para evitar que a água invada o pátio.

Em Guidoval, na Zona da Mata, o nível do Rio Xopotó subiu seis metros com o temporal do dia 24 de janeiro, alagando as ruas da cidade. O galpão da empresa Kaslianc Móveis Tubulares foi afetado, danificando matérias-primas, como compensado de madeira. A sócia da empresa, Solange de Oliveira Machado, calcula um prejuízo de R$ 20 mil. Porém, a empresária comemora, já que o prejuízo foi menor do que em outra vez que o galpão foi afetado pelas chuvas, em 2012. Na época, as perdas totalizaram R$ 200 mil. “Na nossa cidade o povo é muito solidário, e a prefeitura apoiou muito. A cidade ficou limpa em tempo recorde”, afirma.

Como os danos maiores foram em matéria-prima, Solange acredita que precisa ficar atenta a como armazena os materiais. Para se recuperar, ela não pensa em pegar um empréstimo, fazer cortes na empresa ou pedir isenção de impostos. “A prefeitura usou recursos próprios para reconstruir a cidade”, diz.

(*) Estagiário sob a supervisão do subeditor Paulo Nogueira














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