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Consumidor de energia elétrica pagou R$ 35,4 bi de bandeira tarifária

Em cinco anos, sistema de bandeiras tarifárias rendeu à Aneel valor equivalente a quase duas vezes o investimento na usina de Jirau. Superávit de 2019 vai baixar conta


postado em 05/02/2020 04:00 / atualizado em 05/02/2020 09:06

Acionamento de usinas térmicas, como a de Juiz de Fora, leva à cobrança do valor adicional nas contas de luz(foto: Leonardo Cota/Esp. EM/D.A Press 18/12/09)
Acionamento de usinas térmicas, como a de Juiz de Fora, leva à cobrança do valor adicional nas contas de luz (foto: Leonardo Cota/Esp. EM/D.A Press 18/12/09)

Desde que foi instituído o mecanismo de bandeira tarifária na conta de energia elétrica, em 2015, os consumidores brasileiros pagaram R$ 35,4 bilhões. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), órgão responsável por definir qual bandeira vigora em cada mês, a conta está superavitária em R$ 736,9 milhões. “Esse valor será utilizado para reduzir as tarifas em 2020”, informou, em nota.
 
Em 2015, a receita faturada foi R$ 14,9 bilhões. No ano seguinte, foram R$ 3,5 bilhões. Em 2017, os consumidores brasileiros pagaram R$ 6,1 bilhões em custos extras por conta das bandeiras tarifárias. Em 2018, foram R$ 6,8 bilhões e, no ano passado, R$ 4,2 bilhões. O valor apurado em cinco anos equivale a quase duas vezes o custo de construção da hidrelétrica de Jirau. A usina, em Rondônia, custou R$ 19 bilhões e tem capacidade para gerar energia para atender a 40 milhões de pessoas.
 
O sistema de bandeiras entrou em vigor em 2015, por conta do alto custo da energia naquele ano, em que houve uma seca severa e os reservatórios de água ficaram com níveis muito baixos. A medida buscou equalizar as contas das distribuidoras, que, antes do mecanismo, suportavam o aumento do custo de energia, que só eram corrigidos uma vez por ano, durante a revisão tarifária das concessionárias.
 
Como o custo da energia ficou muito alto, porque, em plena estiagem, o mix de geração teve que ser composto de mais termelétricas, as distribuidoras acabaram endividadas. A saída encontrada pelo órgão regulador foi antecipar a correção do custo de energia por meio das bandeiras tarifárias.
Com três cores, as bandeiras sinalizam quando a geração da energia é mais cara. Assim, na bandeira verde, como a que vigora em fevereiro, não há custo extra porque a previsão de chuvas garante que não haja risco hidrológico.
 
A bandeira amarela mostra que as térmicas mais baratas tiveram que ser acionadas, com adicional de R$ 1,343 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Conforme a aumenta a necessidade de acionamento de mais termelétricas (o valor varia conforme o combustível, sendo as mais caras as que queimam óleo diesel), muda a bandeira. A sinalização vermelha tem dois patamares. No primeiro, o custo adicional é de R$ 4,169 para cada 100 kWh consumidos. No patamar 2, o acréscimo é de R$ 6,243 para cada 100kWh consumidos.

Bandeira verde


A bandeira tarifária este mês é verde, sem custo para os consumidores. O acionamento ocorreu devido à previsão mais positiva de chuvas nas regiões onde se localizam os principais reservatórios de hidrelétricas do Sistema Interligado Nacional (SIN). A expectativa é de que ocorra recuperação mais intensa do armazenamento ao longo de fevereiro.
 
Essa condição mais favorável resulta no aumento da produção das hidrelétricas e de sua participação relativa no atendimento à demanda de energia do SIN. Desse modo, diminui-se a necessidade de acionamento do parque termoelétrico, o que, por sua vez, contribui para reduzir o preço da energia no mercado de curto prazo (PLD) e os custos relacionados ao risco hidrológico (GSF). O PLD e o GSF são as duas variáveis que determinam a cor da bandeira a ser acionada.


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