A procura por máscaras descartáveis nas principais farmácias de Belo Horizonte está intensa. Em algumas lojas os estoques já acabaram, em outras ainda é possível encontrar o produto nas prateleiras, mas a procura vem aumentando desde o fim de janeiro, quando foram registrados os primeiros casos suspeitos de coronavírus no Brasil. Nas drogarias consultadas pela reportagem, a embalagem com 50 unidades custa entre R$ 14,79 e R$ 19,90, o modelo simples
Uma das drogarias em que o produto ainda é encontrado mesmo com demanda alta é a Droga Rede, localizada no Bairro Santa Inês. Nesta semana, houve um aumento nas vendas de máscaras descartáveis. Segundo Petras Lima e Souza, gerente da unidade, foi grande a busca por outros modelos de máscara mais sofisticados, mas o item não está a disposição dos clientes. “A tendência é que o produto fique cada vez mais difícil de ser encontrado nas lojas”, avaliou Souza após a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) confirmar ontem a informação de que mais um caso suspeito de coronavírus está sendo investigado em Belo Horizonte.
Já na Droga Raia situada no Bairro Floresta, a intensa procura pelas máscaras descartáveis fez os produtos esgotarem. “O produto desapareceu das prateleiras e também do estoque”, afirmou Luciano Ribeiro, gerente da farmácia. De acordo com o responsável, a reposição do item no estabelecimento está comprometida há uma semana, mas não é possível apontar se em todas as outras lojas da rede em BH ocorreu o mesmo problema.
Para Luciano, uma possível explicação para a falta de reposição do produto na capital é a preocupação com as drogarias no estado de São Paulo. “A central das lojas da Droga Raia está localizada em São Paulo e, provavelmente, os esforços estão concentrados lá, porque a procura também é grande”, afirmou o gerente.
A assessoria de comunicação da Drogaria Araújo informou ao Estado de Minas que também houve aumento na procura por máscaras nos últimos dias. “Algumas lojas chegaram a ter falta temporária do produto e até hoje o abastecimento nas lojas será normalizado”. A empresa ressaltou ainda que providenciou novo carregamento para atender a demanda.
De acordo com o médico infectologista Guenael Freire, “as máscaras descartáveis, compradas em farmácias e muito comuns em hospitais, são importantes para proteção de pequenas gotas de saliva”. Apesar de ser eficiente, esse tipo de acessório não é recomendado para profissionais que estão cuidando de pacientes infectados. “Essas máscaras, são mais eficazes para evitar contaminação”, completou.
As máscaras são divididas em modelos, segundo as suas especificidades. A PFF1 é mais usada para evitar contaminação vindo de poeira, e a PFF2, por médicos, para evitar partículas vindas de pacientes infectados, como, por exemplo, tuberculose e coronavírus. Já a PFF3 é mais usada para profissionais da mineração, e esse acessório possui um filtro muito maior contra poeira e vapores.
Freire explica que “os vírus são transmitidos entre humanos por via aérea, em contato com secreções ou objetos contaminados, principalmente no inverno”. Ele afirma ainda que “pessoas com o sistema imunológico enfraquecido estão mais propensas a terem complicações respiratórias caso ocorra contaminação”.
Viagem
A administradora e psicóloga Evelyn Gonçalves, 43 anos, foi uma das pessoas que compraram máscaras nas farmácias mineiras. Ela viajou em um vôo doméstico de Belo Horizonte para Campinas e de lá, embarcou em um voo internacional com destino a Lisboa, em Portugal, em 27 de janeiro de 2020.
Evelyn afirmou que usou a máscara não por temor ao caso de coronavírus suspeito no Brasil, mas sim por ter contato com pessoas que poderiam estar infectadas em outro país. “O meu medo maior era o contato com as pessoas em Lisboa. A cidade tem um aeroporto muito, grande que passam muitas pessoas de vários lugares do mundo, principalmente chineses", afirmou a psicóloga. "Vi vários chineses usando máscara", completou. (*Estagiário sob supervisão de Marcílio de Moraes)
Impactos na indústria
O coronavírus começou a impactar a indústria eletrônica. A China que é uma das maiores exportadoras de produtos no setor, está com dificuldades de enviar os insumos para outros países. Isto ocorre devido paralisação de algumas fábricas decorrente da epidemia do vírus. O país é a principal origem das importações de componentes elétricos e eletrônicos do Brasil, totalizando US$ 7,5 bilhões em 2019, o que representa 42% do total. Os demais países da Ásia são responsáveis por 38% das importações de componentes em 2019.
De acordo com uma sondagem realizada pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) com as empresas do setor eletroeletrônico, 52% das entrevistadas já apresentam problemas no recebimento de materiais, componentes e insumos provenientes da China. Ainda de acordo com o levantamento, caso essa situação persista 22% das empresas pesquisadas sinalizaram eventuais paralisações na produção nas próximas semanas pela falta de insumos. (*Estagiários sob supervisão de Marcílio de Moraes)