O ano de 2020 começou desfavorável para o comércio exterior brasileiro. O volume de exportações brasileiras recuou 19,3% em janeiro deste ano ante janeiro de 2019. Já o volume de importações cresceu 2,0% no período. Os dados são do Indicador do Comércio Exterior (Icomex), divulgado nesta quinta-feira, 20, pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
A balança comercial de janeiro registrou um déficit de US$ 1,7 bilhão, após consecutivos superávits neste mesmo mês desde 2016.
"É prematuro fazer projeções com base no resultado de um único mês. No entanto, novos acontecimentos em janeiro sinalizam e reforçam a tendência de uma redução no déficit da balança comercial para 2020", avaliou a FGV, em nota oficial.
O Icomex lembra que o acordo entre a China e os Estados Unidos deve levar a perdas nas exportações de soja, mas há risco também para as exportações de carnes. Outro risco para o desempenho do comércio exterior do Brasil é a epidemia do coronavírus na China, que diminuiu as projeções de crescimento da economia chinesa.
"O coronavírus, junto com os efeitos do acordo entre China e Estados Unidos, aponta uma queda nos preços das commodities para os próximos meses, e de recuo do volume importado pela China. Estimativas de perdas para as exportações brasileiras são incertas, pois ainda não se sabe quanto tempo irá demorar para que o controle da epidemia do coronavírus esteja garantido", ressaltou a FGV.
A equipe do Icomex prevê uma possível queda entre 10% e 15% nas exportações brasileiras para a China este ano. Ao mesmo tempo, a FGV considera pouco provável que a economia argentina possa contribuir para o aumento das exportações brasileiras em 2020.
"O efeito argentino não é novo, mas o fato é que continuará a afetar as exportações de produtos manufaturados brasileiros. A construção de um clima de entendimento entre os dois países, com a visita do Ministro de Relações Exteriores da Argentina ao Brasil, levando à possibilidade de suspensão de medidas de licenças para importações, é um passo importante", ressaltou a nota da FGV.
No mês de janeiro de 2020, o comércio do Brasil com a China registrou um déficit de US$ 1.566 milhões, puxado por uma queda de 8,8% em valor das exportações, explicada por um recuo de 2,5% no volume e de 6,4% nos preços. No caso das importações, a variação em volume foi positiva (3,4%), mas os preços caíram 3,8%.
A troca comercial com os Estados Unidos também foi deficitária, em US$ 847 milhões, com queda de 28,8% em valor das exportações, devido a um recuo de 23,2% em volume e de 7,3% nos preços. Nas importações, foi registrada uma variação positiva em valor (+8,7%), com avanços em volume (+8,4%) e preços (+0,4%).
O comércio com a Argentina teve um pequeno superávit no valor de US$ 17,8 milhões em janeiro. As exportações caíram 0,9% em valor, com quedas de 0,2% em volume e de 0,7% nos preços. As importações recuaram 17% em valor, com reduções tanto no volume (-13,6%) quanto nos preços (-3,7%).
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