A greve dos petroleiros foi encerrada nesta sexta-feira (21/2) após audiência de conciliação no Tribunal Superior do Trabalho (TST). O ministro Ives Gandra, que mediou a negociação, informou que Petrobras e funcionários chegaram a um acordo que põe fim à paralisação que durou 20 dias. “O acordo foi no sentido de encerrar a greve. Não há mais margem para paralisação”, disse.
Gandra explicou que foi estabelecido que metade dos dias parados serão descontados e a outra metade, compensados. Um dos motivos da greve, a tabela de turnos, foi resolvida segundo o ministro. Os trabalhadores conseguiram que as escalas sejam estabelecidas de acordo com a conveniência deles.
“A Petrobras voltou atrás em relação à tabela”, disse, acrescentando que a estatal terá 25 dias para reorganizar os turnos, que passarão pelo crivo dos petroleiros. A revisão do interstício (intervalo entre jornadas de trabalho), que também foi mudado pela empresa sem consulta, será discutida posteriormente.
Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), cuja diretoria participou da mediação, i21 mil funcionários de 121 unidades da estatal em 13 estados aderiram à greve. O estopim para a paralisação foi o fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), também chamada de Araucária Nitrogenados SA (Ansa), com a demissão 1 mil funcionários, 396 empregados da Petrobras e 600 terceirizados.
Os sindicalistas conquistaram as mudanças nas tabelas de turno, o cancelamento das advertências aos grevistas e o desconto de apenas metade dos dias parados em dinheiro. As multas também foram reduzidas. E o TST vai continuar mediando as demissões na Fafen-PR, que estão suspensas até 6 de março, após decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 9ª Região.
Todas as advertências dadas pela Petrobrás aos trabalhadores que aderiram à greve serão canceladas. Ainda serão mantidas as férias, que haviam sido adiadas pela empresa por conta do movimento. E o desconto dos dias parados, que foi feito integralmente pela empresa, foi dividido em metade em dinheiro, metade em compensação com horas extras, a ser feita em um prazo de 180 dias.
Em relação às multas aplicadas pelo TST, ao bloqueio de contas bancárias e à retenção dos repasses da Petrobras aos sindicatos e à FUP, o acordo fechado com a companhia manteve apenas a retenção de cerca de R$ 2,5 milhões. Os valores autorizados nos despachos do TST sobre a greve chegavam a R$ 58 milhões. As contas bancárias serão desbloqueadas e os recursos já retidos serão liberados.
O diretor da FUP, Deyvid Bacelar, comemorou o resultado da audiência. Além de confirmar a disposição da categoria de dialogar e negociar suas reivindicações com a Petrobras, o encontro mostrou a força da categoria, segundo ele.
“Nossa greve foi vitoriosa. Sempre nos dispusemos a negociar, mas, infelizmente, a Petrobras não teve a mesma atitude. Garantimos que nossa greve não iria prejudicar o abastecimento à população e cumprimos o que prometemos. O que nosso movimento mostrou é que queremos sempre o diálogo e a negociação, mas que se houver descumprimentos aos acordos coletivos, podemos nos mobilizar novamente”, afirmou.