As bolsas na Europa fecharam novamente em queda ontem, após registrar na véspera a maior perda diária desde meados de 2016, em meio a persistentes preocupações sobre o avanço do surto de coronavírus no continente e possibilidade de danos ainda maiores ao crescimento econômico global. O índice FTSEurofirst 300 caiu 1,81%, a 1.576,17 pontos, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 perdeu 1,76%, a 404 pontos. As bolsas de Londres, Paris e Frankfurt fecharam em queda de quase 2%. Em Madrid e Lisboa, as perdas foram de 2,45% e 2,29%, respectivamente. Na véspera, as empresas listadas nas bolsas europeias perderam US$ 474 bilhões em valor de mercado, ou quase R$ 2 trilhões.
O aumento de registros na Itália corroborou a pressão nos mercados, com a Espanha também relatando casos de infecção, endossando o movimento de venda de ações e busca por proteção, em um cenário que poderia ficar muito pior quando houver casos crescentes nos Estados Unidos. A apreensão tomou conta de Wall Street e o mercado fechou mais uma vez em queda devido às preocupações dos efeitos da epidemia do novo coronavírus nos mercados. Por volta das 18h45 GMT (15h45 de Brasília), o índice Dow Jones recuou 570 pontos e ficou em 27,390.27, o que corresponde a uma queda de 2%. O S&P 500 caiu 1,9% chegando a 3,165.03, enquanto o índice Nasdaq Composite perdeu 1,7%, atingindo 9,067.84 pontos.
As perdas de ontem acompanham o desempenho dos índices da véspera, quando caíram em média 3%. Esses resultados negativos refletem os temores das empresas americanas com os possíveis impactos do coronavírus, incluindo menos gastos com turistas e problemas na cadeia de suprimentos. No Japão, o índice Nikkei fechou em queda de 3,34% na reabertura dos mercados após o feriado da véspera. Na China, o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, caiu 0,22%, enquanto o índice de Xangai teve queda de 0,60%
Os preços do barril de petróleo eram negociados em queda nesta terça, após perdas de mais de 3% na véspera. Perto das 15h, o barril WTI tinha queda de 1,75%, a US$ 50,53. Já o Brent recuava 1,49%, negociado a US$ 55,46 o barril.
Medidas para
conter a crise
O Conselho de Estado da China, que equivale ao gabinete do país, divulgou ontem uma série de medidas para fazer com que bancos estatais concedam mais empréstimos e cortem taxas de juros para pequenas empresas atingidas pelo surto de coronavírus. Em reunião presidida pelo primeiro-ministro Li Keqiang, o conselho disse que aumentará em 500 bilhões de yuans (US$ 71,2 bilhões) a cota de refinanciamento para empréstimos de bancos a pequenas empresas e fazendeiros e cortou os juros dos mecanismos de financiamento em 0,25 ponto percentual para reduzir os custos para as empresas.
O gabinete também determinou que os três grandes bancos públicos da China disponibilizem 350 bilhões de yuans (US$ 49,7 bilhões) em empréstimos especiais com juros baixos para pequenas empresas privadas. Os novos empréstimos emitidos pelos credores estatais do país tem de crescer a um ritmo anual de 30% durante a primeira metade de 2020, disse o Conselho de Estado.
O órgão também deu um período de carência mais longo para todas as empresas da província de Hubei – epicentro do surto de coronavírus – para quitarem seus empréstimos bancários e juros sem punição, já que as companhias enfrentam dificuldades de retomar a produção em meio às estritas medidas de prevenção no local.
O Conselho de Estado ainda isentou empresários individuais de Hubei de impostos sobre o valor agregado por três meses, medida que entra em vigor em março. Os impostos de empresários de outras partes da China serão reduzidos de 3% para 1%. O órgão também prometeu subsidiar empregadores para manter a estabilidade do mercado de trabalho do país.
Controle nos EUA
O diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Larry Kudlow, disse ontem, em entrevista à CNBC, que o coronavírus está contido nos Estados Unidos e por isso não vê possibilidade de impactos na cadeia produtiva. “O coronavírus é tragédia humana, mas não podemos reagir exageradamente. O vírus ainda não provocou interrupções em fornecimento da cadeia produtiva do país. Os Estados Unidos podem lidar com problema de suprimentos quando chegar a hora”, disse Kudlow.
O assessor da Casa Branca também disse que não vê nenhum movimento do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) para cortes de juros em uma resposta ao “pânico” do coronavírus. “O mercado está reagindo ao vírus, mas não vejo essa ação no Federal Reserve”. Questionado sobre o impacto do surto na economia global, alertado por nações europeias como a Alemanha, Kudlow disse os “EUA podem evitar uma recessão se houver impacto global na economia”.