Técnicos da equipe econômica estão se perguntando qual é o limite do presidente Jair Bolsonaro em relação ao dólar. Quem trabalha no Palácio do Planalto tem a resposta na ponta da língua: cotação a R$ 5.
Desde que os preços da moeda norte-americana começaram a subir com força, Bolsonaro tem mostrado um certo desconforto, sobretudo pela forte cobrança que vem sofrendo de seus eleitores nas redes sociais. O dólar já vem sendo vendido acima de R$ 4,50.
Não por acaso, diariamente, o presidente tem conversado com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre os impactos da valorização do dólar na economia brasileira.
Ainda que Guedes argumente que, do ponto de vista do comércio exterior, o dólar mais caro é bom, pois aumenta a competitividade das exportações brasileiras, o presidente ressalta que, politicamente, pode ser um desastre para o governo, sobretudo porque não há uma boa comunicação nesse sentido.
Arsenal
Do presidente do BC, Bolsonaro tem ouvido que o atual movimento de disparada do dólar decorre de muitas incertezas quanto aos rumos da economia global por causa do coronavírus e que, mais à frente, os preços da moeda vão se acomodar.
Campos Neto também destaca ao presidente da República que o Banco Central tem instrumentos de sobra para conter qualquer disfuncionalidade do mercado de câmbio. O BC, por sinal, já está usando seu arsenal, mas, se necessário, pode recorrer à venda de dólar no mercado à vista.
A interlocutores do Planalto, Bolsonaro não esconde sua preocupação. Ele acredita que um dólar a R$ 5 será simbólico, pois vai ser visto como um fracasso da equipe econômica e não reflexo das incertezas referentes ao novo coronavírus.
Viola no saco
O presidente, inclusive, foi aconselhado, em meio a tanto nervosismo, recuar no enfrentamento com o Congresso. Depois de insuflar os eleitores a irem às ruas em 15 de março, numa manifestação contra o Legislativo e o Judiciário, ele passou a pedir “serenidade”.
Bolsonaro, agora, afirma que também erra e acena com acordo com o Congresso, que tem a responsabilidade de levar adiante as reformas que o país tanto precisa para voltar a crescer por longo prazo.
Segundo o presidente, “se nós afinarmos a viola, o Brasil decola”. Resta saber se Bolsonaro seguira, realmente, o papel que lhe cabe neste roteiro.