Pedro Superti, especialista em marketing de diferenciação (jargão que define técnicas e estratégias para um negócio ser mais autêntico), acaba de lançar o livro “Ouse ser diferente” (Buzz Editora). Com experiência de 20 anos em marketing e CEO da Para o Alto e Avante, ele desenvolveu palestras, cursos e eventos que são sucesso, como o Fator X, que reuniu 8 mil empreendedores em três dias, em São Paulo, em janeiro deste ano. Mais do que como vender um produto ou serviço, ele ensina vender um propósito, tornando a concorrência “irrelevante”. Confira entrevista exclusiva abaixo.
1. O que é diferenciação e por que essa palavra é tão falada quando o assunto é empreendedorismo?
A diferenciação é uma estratégia de negócios com o objetivo de fazer com que as empresas se posicionem de uma maneira autêntica e se diferenciem da concorrência. O marketing de diferenciação ajuda empresários a se posicionarem como líderes de seus mercados, fazendo com que suas marcas se transformem em um movimento com uma legião de clientes leais para uma vida inteira. Hoje é praticamente impossível falar de empreendedorismo sem falar de diferenciação. Todos os dias, diversos brasileiros começam seu próprio negócio sem levar em conta nenhuma estratégia de mercado, esquecendo de colocar em prática sua visão de mundo através da empresa. Inclusive, muitas empresas abrem as portas sem nem ter uma visão de mundo definida e isso é um problema. É aí que entra a diferenciação: é preciso deixar claro para a equipe, para os clientes e para o mundo qual é o propósito por trás da empresa.
2. O que está acontecendo na economia que está levando os empreendedores a buscarem se especializar?
Uma característica muito forte do empreendedorismo brasileiro é que muita gente abre a própria empresa por questões de necessidade e não de estratégia. Se determinado segmento tem sucesso, você começa a perceber diversos negócios investindo nesse segmento. E isso até pode dar certo retorno financeiro num primeiro momento, mas a longo prazo a empresa pode não decolar tanto porque certas coisas saem de moda. Quando você empreende visando só o lucro, é apenas questão de tempo até cair em uma guerra de preços com a concorrência onde a lógica é vender sempre mais barato para atrair uma quantidade maior de clientes. Nessa lógica, ninguém está preocupado com a qualidade e com a experiência, mas sim com o preço. Quanto mais barato, melhor. Geralmente, é quando se está nesse tipo de cenário que o empreendedor percebe que precisa mudar o jogo.
3. O desemprego colabora para o aumento do número de empreendedores, isso é uma realidade ou uma adaptação para sobrevivência, na sua opinião?
O Brasil tem hoje mais de 12 milhões de desempregados, sendo que muitos estão nessa situação há um bom tempo. Então, é natural querer arregaçar as mangas e começar a trabalhar por conta própria. Sair do desemprego para se tornar empreendedor acaba sendo a saída para muitas pessoas, mas é preciso ter em mente que uma multidão vai ter a mesma ideia de começar o próprio negócio no mesmo segmento que você. O que a sua empresa vai oferecer de diferente para sair na frente da concorrência?
4. O que representa a jornada do empreendedor no país e como isso impacta a economia nacional?
Como mencionei anteriormente, muitos empreendedores brasileiros começam o próprio negócio sem ter uma estratégia de mercado definida. O resultado disso é ter um mercado saturado de empresas que são cópias umas das outras que vendem a mesma coisa sempre da mesma maneira. Essa é uma característica clara da falta de diferenciação: o cliente não consegue ver diferença entre os concorrentes. As empresas estão fadadas ao fracasso quando o único fator de diferenciação é o preço. Isso termina no fechamento de muitos empreendimentos e, consequentemente, afeta diretamente a economia do país.
5. Conceitualmente, qual é o poder de transformação dos empreendedores e como isso é trabalhado?
É justamente essa visão que os empreendedores precisam ter: a consciência de que eles são agentes de transformação com capacidade para impactar a sociedade, direta ou indiretamente. A empresa não deve ser apenas uma ferramenta para conseguir dinheiro. É claro que o dinheiro e a estabilidade financeira são fatores importantes, mas o lucro não pode ser a primeira coisa que surge na cabeça quando alguém pensa em começar o próprio negócio. Qual a missão por trás do negócio que você criou ou quer criar? Você mostra a sua visão de mundo no seu negócio? Qual é a causa por trás do que você vende? As maiores marcas do mundo não vendem só produtos ou serviços. Elas vendem uma causa. Algo pelo qual as pessoas lutem junto com ela. A maiores marcas do mundo são um movimento.