Novos recursos de instituições internacionais de fomento estão sendo captados pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), e parte do dinheiro que foi negociado no fim do ano passado já começa a ser liberada, num cenário de preocupação dos investidores e dos bancos centrais pelo mundo em tomar medidas para conter os impactos na economia do avanço do coronavírus, o COVID-19. O banco mineiro havia revisado para baixo as taxas de juros de financiamentos liberados em 2019 e a política deve ser mantida ao longo de 2020, como instrumento para facilitar o acesso a crédito por empresas e municípios, informou ao Estado de Minas o presidente do BDMG, Sergio Gusmão.
A sinalização dada na terça-feira pelo Banco Central (BC) de que tende a haver nova redução da taxa básica de juros, a Selic – aquela que remunera os títulos do governo no mercado financeiro e serve de referência para as operações nos bancos e no comércio –, reforça a estratégia que o BDMG tem adotado, agora num contexto de riscos diante dos efeitos da epidemia sobre a economia brasileira e mundial. “Nesses momentos de crise, os bancos de desenvolvimento têm a função de atuar na linha anticíclica, para atender às necessidades das empresas e a projetos dos municípios”, afirmou.
Gusmão assina hoje em Montevidéu, no Uruguai, acordo com o Fonplata, banco de desenvolvimento multilateral constituído pelo Uruguai, Paraguai, Brasil, Bolívia e Argentina, que prevê a oferta ao BDMG de uma linha de crédito no valor de R$ 160 milhões. A operação deverá ser a primeira de um banco público brasileiro com a instituição e atenderá, durante os próximos oito anos, a projetos de investimento dos municípios.
Fruto de acordo firmado em outubro do ano passado com o Banco Europeu de Investimento (BEI), entrou no caixa do banco mineiro a primeira parcela do crédito de 100 milhões de euros acertado com a instituição europeia para o financiamento em Minas de projetos de geração de energia limpa e eficiência energética. “Não é comum um banco conseguir liberar recursos tão rápido assim, cerca de três meses após a assinatura de acordo. Estamos ampliando o foco na diversificação da origem dos nossos recursos, o que envolve intensificar o relacionamento com os bancos multilaterais de fomento”, disse o presidente do BDMG.
A transação com o BEI representou a maior captação internacional da história do banco mineiro. Outra frente desse trabalho segue neste mês junto à Companhia Espanhola de Financiamento para o Desenvolvimento (Cofides). Gusmão receberá no dia 16, em Belo Horizonte, o presidente da instituição, José Luis Curbelo. Acordo de intenções para ingresso do Cofides no financiamento de projetos, em especial de pequenas e médias empresas com sede no estado, foi assinado em dezembro último.
Balanço
Segundo o presidente do BMG, o esforço empreendido pela instituição para ampliar e facilitar o acesso ao crédito pelas empresas e municípios explica o resultado do banco mineiro no ano passado. O desembolso total foi de R$ 1,3 bilhão, aumento de 2,2% em relação ao conjunto das liberações em 2018. A despeito das dificuldades que a crise da economia impôs em 2019, foram atendidas 6% a mais de empresas e prefeituras, um total de 5.083 tomadores de crédito.
Projetos voltados para geração de energia limpa levaram financiamentos de R$ 53 milhões. De acordo com Sergio Gusmão, o número de usinas movidas pela luz solar financiadas pelo banco dobrou no ano passado, de 25 para 54. Ao redor de 78% das liberações de recursos para empreendimentos no segmento contemplaram o Norte de Minas Gerais. Iniciativas de inovação tecnológica para melhorias de processos, produtos e serviços receberam crédito de R$ 51,5 milhões, por meio de 27 novos projetos. Nas contas da instituição mineira, os desembolsos de 2019 resultaram em injeção de recursos, por meio de projetos, da ordem de R$ 975 milhões e na geração de 22,6 mil empregos.
Mulheres no alvo
Ao longo deste mês, o BDMG manterá taxas de juros reduzidas nos financiamentos direcionados a micro e pequenas empresas do estado lideradas por mulheres. O encargo inicial da linha de empréstimo Empreendedoras de Minas – que já havia sido reduzido, em outubro do ano passado, de 1,13% para 0,95% ao mês – terá nova queda para 0,80% mensais, numa campanha em reconhecimento à força do empreendedorismo feminino. A iniciativa reforça as comemorações do Dia Internacional da Mulher, neste domingo. Os financiamentos poderão ser pagos em até 48 parcelas fixas, com carência máxima de três meses.