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Estado de Minas

Dólar turismo já custa até R$ 5,16 em BH

Cai a demanda para compra nas casas de câmbio da capital e a moeda americana passou a ser negociada acima da cotação prevista pelo ministro Paulo Guedes no cartão pré-pago


postado em 07/03/2020 04:00

Enquanto dólar seguiu em alta nos operadores de BH, cotação do comercial teve primeira queda em 12 dias (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press %u2013 26/7/11)
Enquanto dólar seguiu em alta nos operadores de BH, cotação do comercial teve primeira queda em 12 dias (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press %u2013 26/7/11)

O dólar turismo já é negociado acima de R$ 5 nas casas de câmbio de Belo Horizonte. Ontem, por volta de 16h30, no cartão pré-pago, os operadores de câmbio da capital mineira chegaram a cobrar R$ 5,16, com o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), incluso. No mesmo horário, a mínima era R$ 5,04, enquanto o dólar comercial era negociado a R$ 4,63. Segundo as casas de câmbio ouvidas pelo Estado de Minas, a demanda de compra da moeda norte-americana está caindo em meio à alta valorização do dólar comercial, afetado pelas preocupações do mercado com os impactos na economia do avanço do novo coronavírus.

Ontem, o dólar comercial teve a primeira queda depois de 12 dias de valorização. A moeda norte-americana fechou o dia cotada a R$ 4,634, retração de 0,36%. Porém, durante o pregão a máxima foi de R$ 4,671, um novo recorde, sem considerar a inflação. Apesar da queda de um dia para o outro, o dólar sofreu a maior alta semanal em quatro meses: 3,42%. Com o mercado financeiro tenso devido ao coronavírus, o câmbio oscilou, ontem, entre baixas e altas.

A gerente da Belvedere Câmbio, Analaura Santos, afirma que os clientes estão procurando a loja de BH mais para vender dólar do que comprar. Por isso, segundo ela, os meses de janeiro e fevereiro foram os piores em movimento desde a fundação da empresa, em 2015. “Esse mercado é assim, qualquer coisa que acontece oscila”, afirma.

O sócio-proprietário da Aqui Money, Alessandro Vieira, diz que o dólar no cartão pré-pago ficou acima dos R$ 5 recentemente, com a ameaça do COVID-19. Vieira também conta que houve redução da demanda de compra de dólar nos últimos dias. A Carijós Câmbio não registrou nenhuma compra de dólar no cartão pré-pago a R$ 5, também por uma redução de demanda. “Há 10 dias temos percebido isso, como nunca vimos antes. Às vezes, de um dia pro outro sobe 10 centavos”, comenta Gustavo Caldeira, operador de câmbio da casa.

A cotação do dólar turismo em papel-moeda também está se aproximando dos R$ 5. De acordo com o site agregador de cotações cambiais Melhorcambio.com, ontem, entre 11 casas de câmbio de Belo Horizonte, nenhuma estava cobrando menos de R$ 4,91, com o IOF incluso. A mínima era de R$ 4,88. Ainda segundo o site, o dólar turismo em papel se valorizou cerca de 11% em três meses na capital mineira. Em 8 de dezembro, a cotação era de R$ 4,38, ante R$ 4,89 em 6 de março.

BC intervém 

A primeira valorização, ontem, do real frente ao dólar em quase duas semanas pode ter ocorrido por causa de uma intervenção do Banco Central (BC) maior do que normal. O BC realizou o leilão de 40 mil contratos de swap cambial, vendendo US$ 2 bilhões ao todo. Esse valor é o dobro do ofertado nos últimos três leilões, de até 20 mil contratos, realizados na última quinta-feira. Em 2020, o real é uma das moedas que mais se desvalorizou em relação ao dólar no mundo. A moeda brasileira perdeu cerca de 15% de valor para a moeda dos Estados Unidos.

Com o dólar se valorizando cada vez mais frente ao real, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirma que o quadro atual câmbio não é motivo de alarme. Questionado sobre a possibilidade de a cotação do dólar comercial chegar a R$ 5, o ministro declarou que isso só deve ocorrer se “muita besteira” for feita.

"Como estamos confiantes que o Congresso vai apoiar a reforma, como estamos confiantes que o presidente apoia as reformas e está mandando as reformas, como estamos confiantes que a mídia vai entender que o Brasil está mudando para melhor, é uma questão de tempo, quem sabe se vocês estiverem menos nervosos daqui a um mês e vendo as mudanças econômicas que estão acontecendo quem sabe o dólar acalma", disse o ministro a jornalistas.

Como comprar 

O professor de economia e consultor financeiro Paulo Vieira afirma que a alta do dólar turismo significa maiores custos na hora de pagar a fatura das compras. “A cada subida do dólar, a pessoa tem que desembolsar maior quantidade de reais para pagar a fatura. Ou seja, fica tudo mais caro e menos atrativo, em termos de compras”, explica. Na análise do professor, a decisão de comprar dólar no cartão ou no dinheiro vivo depende da conveniência e dos objetivos do comprador.

Ele sugere que se faça uma pesquisa antes de comprar. “Qualquer um dos dois têm suas vantagens e desvantagens, quanto ao uso, transporte, guarda e pagamentos. É uma avaliação de custo e benefício, conforme a conveniência, a urgência e o tipo de utilização que o dinheiro terá”, afirma.

Para quem está pensando em viajar e comprar dólar no momento, o professor aconselha comprar aos poucos, com o objetivo de diluir riscos. “Apesar de todos os estudos de cenários e tendências, a verdade é que ninguém sabe o dia de amanhã, e, portanto, não há como dizer, com certeza, que o dólar estará num valor “x” ou num valor “y” em tal dia”, argumenta.

* Estagiário sob supervisão da subeditora Marta Vieira





Novo tombo na bolsa
A bolsa de valores brasileira, a B3, voltou a fechar ontem em intensa queda, de 4,14%, a 97.966 pontos. Foi o menor nível de fechamento do pregão desde 27 de agosto do ano passado, quando atingiu 97.276 pontos. Na quinta-feira, o Ibovespa, índice das principais ações negociadas, caiu 4,65%, a 102.233 pontos. O tombo acumulado na semana foi de 5,95% e no ano alcança 15,28%. O resultado da bolsa segue a toada dos investidores no mercado internacional, com temor de que a economia não seja capaz de reagir bem ao avanço da doença no mundo.
 
 
 
 
Segundo a Anfavea, empresas correm o risco de ficar sem peças da China(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press %u2013 31/7/14 )
Segundo a Anfavea, empresas correm o risco de ficar sem peças da China (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press %u2013 31/7/14 )

Montadoras cogitam parar a produção


O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, afirmou ontem que existe o risco de as montadoras paralisarem a produção no fim de março ou em abril por causa dos efeitos econômicos da epidemia do novo coronavírus, que, no caso do setor automotivo, afeta principalmente a importação de autopeças da China.

Apesar do alerta, o executivo buscou mostrar tranquilidade. Ressaltou que os fornecedores internacionais do setor estão espalhados pelo mundo e não concentrados na China, que representa 13% das importações de autopeças. Luiz Carlos Moraes disse também que ainda não há nenhum problema e que as empresas têm alternativas para driblar possíveis efeitos, como importar produtos por via aérea ou calibrar a velocidade das linhas de produção.

“O risco existe, mas temos como fazer a melhor gestão disso”, afirmou o presidente da Anfavea, em coletiva de imprensa, quando apresentou os resultados do setor em fevereiro. “Alguma montadora pode ter um risco maior do que outra, mas se alguma delas tiver que parar, a compensação pode ser feita no mês seguinte, dá para fazer o ajuste”, disse o executivo, que dedicou uma parte da coletiva para falar dos efeitos da epidemia.
 


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