A economia de Belo Horizonte também anda de aplicativo. Um estudo inédito realizado pela 99 em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Economica (Fipe) mostra que o aplicativo de transporte teve impacto indireto de R$ 436 milhões no PIB da capital mineira no ano passado. Nas contas do estudo, esse valor representa 0,49% na geração de riqueza local, com a sustentação de mais de 3,3 mil empregos no ano na cidade. Em todo o país, o levantamento revela que o impacto indireto é de mais de R$ 12,2 bilhões, ou algo perto de 0,18% do PIB brasileiro. Em todo o país, esse volume de recursos corresponde a 110 mil postos de trabalho. Em relação a São Paulo capital, onde o impacto direto é de R$ 2,4 bilhões, o de Belo Horizonte é quase seis vezes menor.
"Nossa operação se converte em atividade econômica e em oportunidade para as pessoas, com possibilidade de arrecadação de impostos e geração de empregos%u201D
Miguel Jacob, gerente de políticas públicas da 99
Segundo o gerente de políticas públicas da 99, Miguel Jacob, o estudo leva em conta não apenas a movimentação das corridas no aplicativo, mas também os gastos dos motoristas com as corridas e o impacto dos gastos que eles realizam com os ganhos do trabalho no aplicativo nas respectivas cadeias produtivas. “Fizemos uma parceria com a Fipe, e a partir dos nossos dados e de dados macro desenvolvemos uma metodologia no modelo insumo/produto para chegar a essa conclusão do impacto indireto da atividade”, afirma. A metodologia busca mapear a economia nacional, estimando efeitos diretos, indiretos e induzidos nas cadeias produtivas em todos os setores.
Jacob observa, por exemplo, que ao abastecer o veículo, o motorista participa da estrutura do setor que vai do dinheiro pago ao frentista à indústria do petróleo. “É com base nessas variáveis que se verifica quanto agrega ao PIB, quanto de mão de obra e quanto de impostos foram arrecadados.” O gerente de políticas públicas da 99 lembra ainda que, “em 2019, foram gerados em todo o país cerca de R$ 1,1 bilhão em impostos indiretos. Desse total, a maior parcela (R$ 331,91 milhões) foi gerada por meio do consumo nos setores indiretamente ligados à modalidade de transporte por aplicativo”.
O aplicativo de mobilidade urbana, que desde 2018 é controlado pela chinesa Didi Chuxing (DiDi), concentra atualmente cerca de 600 mil motoristas em 1.600 cidades de todo o país, atendendo 18 milhões de passageiros.
Jacob afirma que a pesquisa mostra “como a operação se converte em atividade econômica e em oportunidade para as pessoas, com possibilidade de arrecadação de impostos e geração de empregos”. Para se ter ideia do universo de motoristas de aplicativo na capital, o Uber tem cerca de 35 mil motoristas cadastrados em BH.
INFORMALIDADE Jacob faz questão de destacar que o motorista entra na plataforma como autônomo, sem vínculo, mas não acredita que a atividade contribua para que o país tenha chegado à marca de 41,1% da população economicamente ativa trabalhando sem carteira assinada, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São 38,4 milhões de brasileiros com trabalho sem carteira assinada no país. Em Minas, 40,1% dos trabalhadores estão na informalidade. São motoristas de aplicativo, entregadores, ambulantes e outros.
Os dados da Pesquisa Nacional de Empregados e Desempregados (Pnad) Contínua Trimestral mostram aumento de 137,60% no número de motoristas que trabalham por conta própria, ao comparar os quatro trimestres dos anos de 2012 e 2019. O país tem mais de 3,6 milhões de pessoas trabalhando em veículos.
Miguel Jacob lembra que, no caso da 99, o motorista é incentivado a se tornar um microempreendedor individual (MEI). “Com isso, ele caminha para a formalização, porque abre uma empresa, paga os impostos e contribui para a Previdência.”