Um dia depois de os mercados financeiros ao redor do mundo registrarem perdas históricas, o presidente da República, Jair Bolsonaro, negou nesta terça-feira, 10, que haja uma crise, culpou a imprensa pela situação e disse que "muito do que falam é fantasia". "Muito do que tem ali é muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga", disse Bolsonaro em evento em Miami. Na segunda-feira, 9, ele já havia dito que a disseminação da doença estava "superdimensionada".
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também tem minimizado o coronavírus. Segundo fontes presentes ao jantar entre Trump e Bolsonaro em Mar-a-Lago no sábado, os dois conversaram sobre a disseminação do vírus e estimaram que até o final de abril haverá uma melhora na situação.
Ao redor do mundo há 105.586 casos de coronavírus confirmados em 97 países, e 3.584 mortes. Nos EUA, há mais de 600 casos confirmados e na Flórida, onde Bolsonaro está, duas pessoas morreram.
"Alguns da imprensa conseguiram fazer de uma crise a queda do preço do petróleo () É melhor cair 30% do que subir 30%. Mas isso não é crise. Obviamente, problemas na Bolsa, isso acontece esporadicamente. Como estamos vendo agora há pouco, as bolsas hoje já começam com sinais de recuperação", afirmou nesta manhã em evento a empresários.
A segunda-feira foi caótica para os mercados financeiros, com a disseminação do coronavírus e a violenta queda nos preços de barris de petróleo, em uma disputa de preços entre a Arábia Saudita e a Rússia. As ações de empresas negociadas na B3 tiveram a maior perda de valor em um único dia desde o início do Plano Real, em 1994. A Bovespa teve de acionar o circuit breaker e a bolsa de Nova York também teve interrupção temporária nas negociações ao longo do dia.
Cide
Nesta terça, Bolsonaro voltou a negar que o governo possa aumentar o tributo federal sobre combustíveis, a Cide. "Zero, zero, não existe isso (sobre aumento da Cide). A política que a Petrobras segue é a de preços internacionais, então a gente espera, obviamente, não como presidente mas como cidadão, que o preço caia nas refinarias e seja repassado ao consumidor na bomba", afirmou o presidente.
'Livre comércio' com os EUA
Bolsonaro falou sobre o jantar com Trump e disse que o norte-americano está disposto a "buscar o livre comércio". "Discutimos questões pontuais, como é do interesse americano, etanol e carne de porco. Pedi para ele para que nós deixássemos questões pontuais e discutíssemos de forma mais ampla. Ele concordou. Então nossas assessorias vão começar a discutir livre comércio mais amplo com EUA", afirmou o presidente brasileiro.
Os dois países estão desde o ano passado negociando acordos pontuais de liberalização de comércio - o que não envolve negociação sobre tarifas, portanto não se caracteriza como um acordo de livre comércio. No jantar, as conversas confirmaram o interesse de formular um pacote de medidas para facilitar negociações entre os dois países.
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