Com o avanço da pandemia de coronavírus alterando a rotina de países inteiros e espalhando apreensão por todos os continentes, órgãos públicos e empresas também estão se ajustando à realidade do avanço da doença. Enquanto na China, na cidade de Wuahn, de onde o novo coronavírus se disseminou para o mundo, as fábricas retomam suas atividades com os trabalhadores retornando às suas funções, na Europa, as empresas adotaram regras para continuar produzindo, enquanto comércio e serviços são duramente afetados.
No Brasil, onde desde 2017 o teletrabalho é autorizado, empresas que adotam planos de contingência para mitigar os riscos de contaminação em suas operações autorizam seus empregados a trabalhar de forma remota, como uma das medidas, que incluem ainda troca e cancelamento de viagens e de eventos que não são primordiais. Restringir o acesso a suas dependências e reforçar a higienização também estão entre as ações para conter a expansão da doença. Veja algumas das ações adotadas por companhias para enfrentar a pandemia do coronavírus.
Na iniciativa privada
Google
Google autorizou, em 11 de fevereiro, a possibilidade de trabalho remoto para funcionários na América Latina. “Diante da evolução do coronavírus (COVID-19) na América Latina, estamos oferecendo aos nossos funcionários na região a opção de trabalhar de casa. É uma medida preventiva que prioriza a saúde e a segurança de nossos colaboradores”, informou a empresa por meio de comunicado. Um dia antes, um memorando enviado aos empregados nos Estados Unidos e no Canadá já havia liberado o trabalho remoto.
Petrobras
A empresa confirmou na sexta-feira que um de seus funcionários foi diagnosticado com o novo coronavírus. O empregado, que trabalha no escritório-sede no Centro do Rio de Janeiro, estava em férias no exterior e recebeu o diagnóstico da doença antes de voltar ao trabalho.
Nestlé
Em 28 de fevereiro, a Nestlé no Brasil solicitou aos funcionários que troquem viagens de negócios por teleconferências e recomendou o trabalho remoto para quem viajou para áreas afetadas pelo coronavírus. A empresa de alimentos informou que adotou medidas de biossegurança nas fábricas, centros de distribuição e escritórios. Fornecedores também entraram no controle para evitar contaminação.
CSN
Um funcionário da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) que trabalha na sede, em São Paulo, na Faria Lima, também foi diagnosticado com o novo coronavírus.
Vale
A mineradora cancelou ou adiou todas as viagens de negócios ou eventos considerados não essenciais para a empresa, devido ao coronavírus. Na quinta-feira, a Vale divulgou comunicado no qual afirma que pode vir a enfrentar dificuldades operacionais devido à Covid-19. “Podemos ter que vir a adotar medidas de contingência ou eventualmente suspender operações”, informou a companhia. Parte significativa da receita da Vale vem de clientes da Ásia e da Europa (63,3% e 13,8% da receita em 2019, respectivamente).
Natura
A empresa de cosméticos informou que registrou, dentro de seu prédio administrativo, em São Paulo, o primeiro caso de coronavírus na empresa. Os funcionários da área da paciente ficarão em quarentena de 14 dias, e todas as reuniões com mais de 100 pessoas foram proibidas na Natura. A empresa adotou teleconferências até mesmo para quem continuará a trabalhar em salas diferentes do mesmo prédio.
ArcelorMittal
A unidade de Tubarão, no Espírito Santo, cancelou viagens internacionais e adotou trabalho remoto para alguns funcionários.
Ciesp
O Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) fez pesquisa com 40 empresas de diferentes setores do polo industrial de São Carlos, município onde fica uma das quatro fábricas da Volkswagen no estado. O resultado revelou que metade delas sofreu impacto com a disseminação do coronavírus. Uma parcela das indústrias (5,7%) não descarta a possibilidade de adotar férias coletivas.
Setor elétrico
A EDP Espírito Santo, ex-Espírito Santo Centrais Elétricas S.A., criou um tipo de rodízio de funcionários, divididos em três equipes, para trabalho remoto.
XP Investimentos
Um executivo da XP Investimentos que tinha retornado da Itália foi o segundo caso confirmado de coronavírus no Brasil. O anúncio preocupou outras grandes empresas que atuam no mesmo prédio comercial em São Paulo. A XP afastou 10 funcionários que trabalhavam diretamente com o paciente com diagnóstico confirmado e distribuiu álcool em gel para tentar prevenir mais casos.
Mastercard
A operadora de cartões de crédito Mastercard fechou o escritório de São Paulo depois que um de seus funcionários foi diagnosticado com o novo coronavírus. O executivo havia visitado uma unidade da empresa em cidade do estado norte-americano de Nova York, que também foi temporariamente fechado.
No setor público
BNDES
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) começará amanhã uma simulação de contingência em sua sede, no Rio de Janeiro. A intenção é se preparar para impactos do agravamento do coronavírus no Brasil. Cerca de 400 funcionários trabalharão de casa. A intenção é que todos os empregados do prédio trabalhem de casa até o dia 20. Empregados acima de 60 anos, gestantes ou pessoas com situação de risco para o coronavírus já começarão a semana sem ter de ir ao prédio. Estagiários e menores aprendizes foram liberados do trabalho durante esse período.
Congresso
Somente parlamentares, colaboradores, profissionais de imprensa, assessores de entidades, representantes de órgãos públicos e fornecedores, todos previamente credenciados, poderão entrar no Senado. Foram suspensos o programa de visitação ao Congresso Nacional, as sessões solenes e especiais – destinadas a prestar homenagens, recepcionar personalidades e entregar premiações – e os eventos de lideranças partidárias e de frentes parlamentares. O Senado também não autorizará viagens oficiais de senadores e servidores para o exterior.
Assembleia de Minas
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) divulgou sexta-feira medidas para evitar o coronavírus, como a restrição da entrada de pessoas. Estão proibidas as viagens de deputados e servidores para áreas onde a doença já foi diagnosticada. As instalações do prédio serão higienizadas e pontos de álcool em gel instalados.
Câmara Municipal de BH
Medidas preventivas foram adotadas, como a instalação de pontos de álcool em gel nas entradas do prédio e do plenário da Casa. Foi pedida a compra de máscaras e equipamentos de segurança para agentes de saúde.
Judiciário
Vários tribunais no Brasil ampliaram as margens de funcionários autorizados a fazer trabalho remoto por causa do coronavírus e adotaram protocolos de higiene nos prédios.
Medidas adotadas por empresas brasileiras
» Adoção de trabalho remoto para parte da equipe ou todos os funcionários
» Cancelamento de viagens consideradas não essenciais
» Reforço de higienização do prédio, como maçanetas, botões de elevadores, equipamentos diversos e uso de álcool em gel
» Criação de comitês de crise para discutir medidas para toda a empresa, como cancelamento de biometrias e triagem de visitantes
» Trocar reuniões físicas por videoconferências, mesmo para pessoas que trabalham no mesmo andar de um prédio
» Restrição de acesso a elevadores
» Flexibilização nas escalas de trabalho para evitar uso de transporte público em horário de pico