
“Nem na greve dos caminhoneiros vi nada parecido.” As palavras são do gerente de um supermercado localizado no Bairro Serra, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O que causou espanto no funcionário foi a corrida de clientes à loja onde ele trabalha.
“Começamos a vivenciar, desde sexta-feira, um aumento expressivo no volume de vendas. Pessoas comprando muitas coisas, principalmente da parte de higiene e limpeza e produtos básicos como arroz e feijão. Está sendo fora do normal, fora da curva. Tenho 12 anos de varejo e nunca vi o que estou vendo agora”, disse o gerente. Ele contou ainda que muitos consumidores estão indo ao supermercado usando máscara e luvas.
Na fila do supermercado, foi possível ver carrinhos abarrotados, principalmente de alimentos e produtos de limpeza. “Estou fazendo compra para mim e para minha mãe. Ela tem 75 anos e queria sair para fazer as compras hoje. Falei: ‘Não, mãe, fica em casa! Você está no grupo de risco. Eu faço as compras e levo para você.’ É uma compra para duas casas. Não quero que ela saia”, disse a arquiteta Adriana Paiva, de 49 anos, que estava na fila com um carrinho lotado de mantimentos e itens de higiene.
Sem o costume de levar tantos produtos para casa, Adriana disse não ter ideia de quanto gastaria a mais pela compra. Dentre os vários itens desejados, um ficou de fora do carrinho, pois não foi encontrado na prateleira: “Faltou papel higiênico.”
A servidora pública Carolina, de 39, não sentiu falta de nenhum item e deixou o supermercado levando tudo o que queria. Ela contou que fez uma compra maior do que normalmente faz, para diminuir as saídas de casa e para ter um estoque de produtos. “Estou querendo garantir as coisas que tenho costume de comprar.
Escassez de produtos

“Álcool em gel desde quarta-feira não tinha. Hoje chegou uma quantidade, mas não durou uma hora nas prateleiras. Papel higiênico acabou hoje de manhã. Ainda não teve reposição, mas vai ter nesta semana.
“Loucura”
Apesar do grande fluxo de consumidores no supermercado, há quem discorde da atitude de estocar produtos. O advogado João Barbosa, de 55 anos, é um deles. “Acho uma loucura! É insano! As pessoas estão ficando malucas! Não tem crise de desabastecimento. Não estou entendendo. As pessoas estão passando da razoabilidade”, analisou.