Em meio às crises, sempre há quem se aproveite de uma oportunidade. Enquanto a pandemia do novo coronavírus leva cada vez mais empresas a colocar seus funcionários para trabalhar em casa, o chamado home office, a demanda por aluguel de computadores aumentou de forma considerável. Em Minas Gerais e em São Paulo, este último o estado mais prejudicado pela doença, a procura por esse tipo de serviço subiu 90% desde a semana passada.
Desde a última sexta-feira, a empresa ITNET Tecnologia, no bairro Vila da Serra, em Nova Lima, na Grande Belo Horizonte, registrou aumento superior a 70% nas contratações de aluguel de computadores. Apenas ontem, a empresa alugou 500 máquinas. Por causa do home office, a maioria dos clientes procura notebooks.
O diretor comercial da fornecedora, Claudio Horta, explica que todo o tipo de companhia está contratando os serviços, desde a indústria alimentícia aos colégios. Segundo o diretor comercial, os clientes estão alugando os equipamentos por pelo menos dois meses, esperando que os efeitos da pandemia se prolonguem. “Essa demanda vem muito também de outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, onde a pandemia está mais forte”, explica Horta.
O diretor comercial da empresa conta que precisou contratar cinco técnicos que trabalham em período integral desde a última sexta-feira para conseguir atender à demanda. “Tudo que podíamos fazer de imediato para conseguir lidar com a demanda já fizemos. E os estoques estão acabando”, afirma Horta. De acordo com o diretor comercial os preços não foram alterados, embora tenham surgido, pelo menos, dois fatores que pressionam por aumento do aluguel.
Um deles é a própria pandemia do coronavírus, já que a maior parte dos componentes eletrônicos vem da China. Com a crise no país asiático, faltam peças para os computadores. Outro fator é a alta do dólar, que encarece a compra das peças importadas. “Compramos os computadores prontos, mas como muitas vezes os clientes pedem atualizações, esses fatores nos influenciam”, diz Claudio Horta.
A empresa de aluguel de computadores Convex Net, da cidade de São Paulo, recebeu procura pelo serviço mais de 10 vezes maior que o normal, desde a última quinta-feira. De acordo com o diretor comercial da companhia, Mauro Fernandes Cândido, a maior parte das contratantes são empresas de grande porte e multinacionais. A média de prazo do aluguel é de dois meses.
Segundo o executivo, alugar um notebook intermediário custa R$ 250 por mês. “Os valores subiram devido à alta do dólar, nossa empresa não praticou aumento por conta da pandemia”, afirma Cândido. Antes da pandemia, a empresa tinha estoque de 1.800 equipamentos. Depois do aumento das contrações pela necessidade de os trabalhadores ficarem em casa, a Convex Net precisou comprar mais 1.700 máquinas. Para conseguir lidar com a demanda, a companhia criou mais um turno de trabalho.
Isolamento O home office pode ter vantagens ou desvantagens para os trabalhadores e as empresas. Segundo a professora de administração da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, Nayara Cardoso, a prática garante maior independência na realização de tarefas e reduz o estresse do descolamento para o local de trabalho. Além disso, a professora explica que trabalhar em casa dá flexibilidade ao funcionário no planejamento das próprias atividades. Porém, Nayara afirma que ter disciplina e organização é essencial.
Na avaliação da professora, liberar os funcionários para trabalhar em casa também traz vantagens para as empresas. Entre os pontos positivos para os empregadores, Nayara indica a redução de custos com taxas e impostos, bem como gastos com aluguel, transporte, refeição e infraestrutura.
Por outro lado, a professora destaca que a medida de restrição também traz pontos negativos para os funcionários, especialmente quando não há disciplina. Segundo Nayara Cardoso, o trabalho remoto leva à perda da privacidade pessoal e à possibilidade de misturar o ambiente doméstico com o ambiente de trabalho. Porém, ela afirma que é importante optar pelo isolamento social e trabalho em casa para conter o vírus. “Na atual situação, o mais importante é seguir as orientações das autoridades e profissionais de saúde”, conclui.
*Estagiário sob a supervisão da subeditora Marta Vieira
Shoppings reduzem funcionamento em BH
Humberto Martins
Grandes shoppings de Belo Horizonte passam a funcionar, hoje, com horário reduzido, na tentativa de conter o avanço da disseminação do novo coronavírus na capital. Minas Shopping, Shopping Del Rey, BH Shopping, Boulevard Shopping, DiamondMall e Pátio Savassi abrirão ao meio-dia e vão fechar as portas às 20h. Atualmente, a maioria dos centros comerciais funciona das 10h às 22h, da segunda- feira a sábado, e das 14h às 20h aos domingos.
O Shopping Cidade reduziu ainda mais o horário de abertura aos domingos – do meio-dia às 18h.
A medida vai ao encontro de uma recomendação emitida pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). Segundo a entidade, a iniciativa visa à “redução da circulação de pessoas sem, todavia, paralisar totalmente as atividades econômicas, em especial os serviços de utilidade pública em funcionamento, como bancos, farmácias, laboratórios e supermercados”.
A Multiplan, empresa que administra o BH Shopping, DiamondMall e Pátio Savassi, informou que “acompanha com atenção a evolução das informações sobre a COVID-19” e que intensificou a limpeza das dependências dos estabelecimentos.
Belo Horizonte tinha, até ontem, sete casos confirmados do novo coronavírus. Uma dessas pessoas foi contaminada por meio da transmissão comunitária, quando não se identifica a fonte do contágio. Trata-se de um homem, de 34 anos, que esteve em contato com outro homem, de 48, com histórico de viagem para os Estados Unidos.
A intenção da Abrasce é fazer com que os serviços essenciais, como bancos, farmácias, laboratórios e supermercados continuem em funcionamento. “A associação entende que tais medidas, somadas às ações preventivas individuais, tais como higienização das mãos, cuidados redobrados com a limpeza e espaçamento de mesas nos locais de alimentação, colaboram com os esforços de combate à epidemia do novo coronavírus”, reforçou o texto.
Centros populares
A pandemia de coronavírus não alterou a rotina de funcionamento dos principais centros de compras populares de Belo Horizonte. Localizados na área central da capital mineira, os shoppings Oiapoque, Xavantes e Uai mantêm os horários normais de funcionamento. Contudo, temendo uma debandada dos clientes devido ao avanço da doença respiratória, o Oiapoque adotou desde ontem o sistema de tele-entrega. Agora, além do atendimento presencial, é possível pedir produtos pelo telefone e recebê-los em casa. A entrega é feita por motoqueiros e a conta será paga por meio de cartões.