As atividades de turismo no Brasil devem sofrer uma forte queda neste ano em virtude da crise econômica provocada pelo coronavírus. Um estudo feito pela FGV Projetos indica que o Produto Interno Bruto (PIB) do setor cairá para R$ 165,5 bilhões em 2020, uma redução de 38,9% no faturamento em relação ao ano passado.
Em 2019, o PIB do turismo chegou a um valor total de R$ 270,8 bilhões. A queda nesse ano se reflete no mercado de viagens, que foi um dos mais afetados, em virtude das medidas de contenção do COVID-19. De acordo com dados do PewResearch Center, hoje, 93% da população mundial vivem em países que adotaram algum tipo de medida de restrição de viagem e três bilhões de pessoas ao redor do mundo vivem em países que fecharam totalmente suas fronteiras para estrangeiros.
No Brasil, a crise na área traz consequências desanimadoras, já que o turismo tem sido fortemente gerador de empregos em todas as faixas de renda. As atividades dessa natureza envolvem principalmente, e em grande escala, as áreas de menor grau de especialização.
A FGV Projetos ainda estima que o Brasil levará pelo menos um ano para se recuperar na atividade turística. De acordo com o estudo, os ganhos em 2021 com o turismo devem alcançarão a marca de R$ 259,4 bilhões, valor 4,2% inferior ao patamar de 2019. A perda total do setor turístico brasileiro será de R$ 116,7 bilhões no biênio 2020-2021. Para cobrir essa lacuna, será necessário que o setor cresça em média 16,95% ao ano em 2022 e em 2023, com PIB de, respectivamente, R$ 303 bilhões e R$ 355 bilhões.
O estudo considerou um período médio de três meses de isolamento social dos brasileiros. Depois disso, o processo de reequilíbrio dos negócios (estabilização) no Brasil deverá se estender até a metade de 2021, uma vez que a saúde financeira dos negócios e das famílias estará comprometida. No caso do turismo internacional, o período de recuperação poderá chegar a 18 meses.
Hoje, o turismo corresponde a 3,71% do PIB do país, de acordo com o IBGE. Como alternativas para mitigar os efeitos da crise, o gerente executivo da FGV Projetos, Luiz Gustavo Barbosa, sugere um conjunto de medidas urgentes a serem tomadas pelo governo, como auxílio para o setor aéreo, reequilíbrio dos contratos de concessão − como aeroportos, centros de eventos e atrativos turísticos − e crédito facilitado, diferimento de tributos e flexibilização dos contratos de trabalho para micro e pequenas empresas. “Como o período de férias escolares será alterado, a possibilidade de viagens das famílias se reduz, já que possivelmente estarão com a renda comprometida”.