O plano da Boeing de adquirir o negócio de jatos regionais da Embraer no Brasil está sob risco, segundo publicou ontem o jornal Financial Times. Os dois lados discutiram as condições associadas à união de bilhões de dólares poucas horas antes do prazo que dá a cada uma das companhias o direito de desistir do acordo.
De acordo com o cronograma da operação, assinado em janeiro, as duas companhias tinham até a meia-noite de ontem para fecharem a posição. Pessoas próximas à negociação afirmaram ao FT que um anúncio deve ser feito no fim de semana.
Segundo o jornal britânico, a fabricante de aeronaves dos EUA pondera se abandonará o pacto em meio a gastos de bilhões de dólares com a crise da aviação global e com problemas em seu modelo 737 Max. "É uma questão de liquidez", disse Ron Epstein, analista do Merrill Lynch do Bank of America, ao FT. "A Boeing está em posição de gastar US$ 4,2 bilhões em uma aquisição, considerando o que está acontecendo no mercado mais amplo da aviação comercial?", questionou.
Procuradas, Embraer e Boeing afirmaram que não iriam comentar. Em comunicado divulgado nesta semana, a Embraer reconheceu que a data limite para conclusão da parceria estratégica estava em discussão.
O acordo já vem sendo motivo de desconfiança no mercado. De um lado, a Boeing está mergulhada em uma crise por causa de dois acidentes com o 737-Max que deixaram centenas de mortos. Já a Embraer teve uma forte queda no seu valor de mercado diante da crise do coronavírus. As duas companhias, entretanto, diziam até então que o negócio estava de pé.
Crivo
Além disso, a Comissão Europeia, único órgão que ainda precisa aprovar o acordo, apontou o dia 7 de agosto como data final para se posicionar acerca do negócio. A operação já passou pelo crivo de 9 reguladores. No lado brasileiro, do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a liberação saiu em janeiro deste ano.
Os termos e condições aprovados em 17 de dezembro de 2018 definiram a criação de uma joint venture (Boeing Brasil Commercial) contemplando ativos do segmento de Aviação Comercial da Embraer e serviços relacionados (segmento de Serviços & Suporte) com 80% de participação da Boeing e 20% da Embraer. Em 10 de janeiro de 2019, o governo brasileiro informou que não exerceria seu direito de veto no negócio das duas empresas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
ECONOMIA