Em meio a maior crise de sua história - que envolve dois acidentes com seu principal avião e a paralisação do setor aéreo em decorrência da pandemia da COVID-19 -, a Boeing anunciou que encerrou as negociações para comprar a divisão de aviação comercial da Embraer. As empresas haviam anunciado o acordo de US$ 4,2 bilhões em julho de 2018 e o fim das conversas deixa a empresa brasileira em situação delicada.
Em nota, a Boeing afirmou que "exerceu seu direito de rescindir (o contrato) após a Embraer não ter atendido as condições necessárias", mas não especificou quais eram essas condições.
O prazo limite para uma das partes romper o acordo era sexta-feira, 24.
Segundo a Boeing, a joint venture já havia recebido aval "incondicional" da maioria das autoridades reguladoras, com exceção da Comissão Europeia, que iria se posicionar até o dia 7 de agosto.
"A Boeing trabalhou de forma diligente por mais de dois anos para finalizar a transação com a Embraer. Nos últimos meses, tivemos produtivas, mas em última instância, sem êxito, negociações sobre as condições da parceria", diz Marc Allen, presidente da Embraer Partnership & Group Operations da Boeing. "Todos nós trabalhamos para resolver esses pontos antes do prazo, mas não aconteceu. É extremamente decepcionante. Mas chegamos a um ponto no qual a continuidade das negociações não iria resolver os problemas restantes."
Os termos e condições aprovados em 17 de dezembro de 2018 definiram a criação de uma joint venture (Boeing Brasil Commercial) contemplando ativos do segmento de Aviação Comercial da Embraer e serviços relacionados (segmento de Serviços & Suporte) com 80% de participação da Boeing e 20% da Embraer.
Em 10 de janeiro de 2019, o governo brasileiro informou que não exerceria seu direito de veto no negócio das duas empresas.
A Boeing e a Embraer vão manter sua parceria já existente, assinada em 2012 e renovada em 2016, para a fabricação e apoio conjunto da aeronave militar C-390 Millennium.