Em meio à crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus, as famílias brasileiras fizeram mais depósitos do que saques na caderneta de poupança no mês passado. Dados do Banco Central mostram que, em abril, os depósitos líquidos somaram R$ 30,459 bilhões. Este é o maior volume de depósitos líquidos em um único mês em toda a série histórica do BC, iniciada em janeiro de 1995.
O mês de abril também foi o segundo consecutivo em que houve registro de depósitos líquidos. Em março, quando a pandemia do novo coronavírus fez com que o isolamento social se intensificasse, com reflexos sobre a atividade econômica, as famílias já haviam depositado R$ 12,169 bilhões líquidos na poupança.
Esta corrida para a caderneta é justificada pela postura das famílias em relação à crise e pelas ações do governo para manter a renda da população.
Na noite de ontem, o Banco Central já havia citado, por meio do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), que existe o risco de que a pandemia aumente a "poupança precacional" no Brasil. Em outras palavras, o BC vê o risco de que as famílias, com medo do desemprego e da redução da renda, aumentem depósitos em aplicações como a caderneta de poupança, para formar um "colchão" em caso de emergências. Isso é visto com ressalvas, porque mais dinheiro na poupança significa menos consumo - e ainda mais dificuldades para as empresas brasileiras.
Outro fator que contribuiu para o aumento dos depósitos na poupança foi o início do pagamento do auxílio emergencial à população de baixa renda, no valor de R$ 600. É de se esperar que parte dos depósitos, que começaram a ser feitos em 9 de abril, siga depositado na caderneta de poupança.
Os dados de abril mostram que os depósitos brutos na caderneta foram de R$ 215,364 bilhões, enquanto os saques atingiram R$ 184,905 bilhões. Com isso, chegou-se à captação líquida de R$ 30,459 bilhões. Considerando o rendimento de
R$ 2,284 bilhões de abril, o saldo total da poupança atingiu R$ 881,662 bilhões no mês passado. Em 2020 até abril, a poupança acumula depósitos líquidos de R$ 26,700 bilhões.
Atualmente, a poupança é remunerada pela taxa referencial (TR), que está em zero, mais 70% da Selic. A Selic, por sua vez, está em 3,00% ao ano, no menor patamar da história.
Esta regra de remuneração vale sempre que a Selic estiver abaixo dos 8,50% ao ano. Quando estiver acima disso, a poupança é atualizada pela TR mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês (6,17% ao ano).
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