Com a possibilidade de retomada das atividades não essenciais nas próximas semanas em Belo Horizonte, o que pode ser confirmado hojenesta sexta-feira pelo prefeito Alexandre Kalil, especialistas e associações setoriais alertam que é preciso estar preparado e planejar o retorno às operações de forma a garantir a segurança dos usuários, com a adoção de medidas para redução da possibilidade de contágio entre funcionários e clientes, neste momento.
“As empresas vão ter primeiro uma obrigatoriedade maior com a questão da higienização, mas é preciso detalhar mais um pouco as ações. Não dá para imaginar que tudo voltou ao normal”, afirma o médico Ricardo Ramos, presidente da Aliança para a Saúde Populacional (Asap). “É preciso uma preocupação estratégica de como colocar em prática as medidas para evitar o contágio”, acrescenta Ramos, que é cirurgião-geral, com pós-graduação em administração de empresas.
Para o presidente da Aliança, que reúne grandes empresas, hospitais, operadoras de plano de saúde e seguradoras, é preciso que a estratégia seja colocada em prática e cumprida de forma efetiva, para evitar que a retomada seja uma alavanca para o crescimento dos casos de COVID-19 de forma que exijam medidas restritivas ainda mais duras. “À medida que o contágio for visto como decrescente após a retomada as empresas terão como fazer com que essa onda de reabertura aconteça sem que haja retrocesso”, observa Ricardo Ramos.
O presidente da Asap lembra que pequenas empresas do comércio e serviços estarão mais expostas e precisam ter em mente a necessidade de medidas de proteção. Ricardo Ramos acredita que tanto os departamentos de RH das grandes companhias como os micro e pequenos negócios brasileiros têm como vantagem o fato de o Brasil estar com quatro ou cinco semanas de atraso em relação aos outros países. “Isso nos dá a chance de aprender o que está dando certo e é factível de se adaptar melhor à nossa realidade”, diz o presidente da Asap.
Protocolos E é exatamente isso que associações de academias e de shopping centers fizeram nos últimos dias. Com base em experiências fora do Brasil e o auxílio de especialistas em saúde, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) e a Associação Brasileira de Academias (Acad) elaboraram protocolos com um conjunto de medidas para unificar as ações a serem adotadas em todo o país para permitir que academias e centros de compras possam efetivamente voltar a operar.
Entre as medidas propostas pela associação dos shoppings estão o controle de tráfego, com o número de vagas dos estacionamentos limitado a 50%, funcionamento em horário reduzido, o uso obrigatório de máscaras para clientes, lojistas e funcionários, testagem para a COVID-19 de todos os funcionários e lojistas, aferição de temperatura dos clientes com termômetros manuais e higienização dos ambientes internos a cada três horas, entre outras. “O nosso lema agora é higienização total e aglomeração zero. Temos segurança para receber todos de maneira gradual, onde conseguimos colocar a saúde e a economia no mesmo lado, por meio das medidas de segurança que criamos”, afirmou o presidente da Abrasce, Glauco Humai, em nota.
Para Ricardo Ramos, todos os procedimentos e equipamentos de limpeza que antes eram terceirizados agora passam a ser uma preocupação e foco de mais atenção por parte das empresas. “Não vejo os governos com um plano para dar uma lista de checagem para a volta ao trabalho em fases planejadas e mais preocupados com medidas de afastamento e lockdown”, critica o presidente da Asap.
Ginástica
As academias se prepararam para a retomada das atividades, o que não ocorreu efetivamente, apesar de o presidente Jair Bolsonaro ter incluído os empreendimentos de atividade física entre os setores essenciais que estão aptos a funcionar. Como a decisão de reabertura é de governadores e prefeitos, a medida do presidente apenas serve de pressão para que ocorra a retomada no mercado fitness. Diretores da Acad apresentaram na semana passada, em um webinar, o protocolo de medidas elaborado para dar suporte às academias de todo o país.
Entre as medidas previstas pelas academias estão a paralisação por duas vezes ao dia para higienização de todo o ambiente, renovação do ar 7 vezes ao dia, medição de temperatura de todos que entrarem no ambiente, com restrição para quem tiver temperatura acima de 37,8 graus, e redução pela metade no uso dos armários e aparelhos cardio, entre outras. “Não é uma norma, é um direcionamento, uma cartilha de recomendações, para que seja discutido com as autoridades locais para que a forma de abertura seja adequada”, diz o presidente da Acad, Gustavo Borges.