A produção industrial de Minas Gerais apresentou, em abril de 2020, um recuo de 15,9% frente ao mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O órgão mostra que a indústria mineira não foi exceção, pois 13 dos 15 locais pesquisados mostraram taxas negativas, refletindo o isolamento social por conta da pandemia da COVID-19, que afetou o processo de produção em várias unidades fabris no país. Apenas Pará (4,9%) e Goiás (2,3%) registraram as duas únicas taxas positivas nesse mês, com ambos voltando a crescer após recuarem no mês anterior: -14,4% e -2,5%, respectivamente.
“Essa queda já era esperada, sim. A Pesquisa Indicadores Industriais da Fiemg do mês de abril antecipou esse resultado através do indicador de horas trabalhadas na produção”, afirma Daniela Brito, gerente de Economia da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).
Ela analisa, também, as perpectivas da indústria em momento de retomada de vários setores da economia, como o comércio. “Para os setores exportadores, como alimentos, mineração, papel e celulose, há uma tendência de melhora mais rápida. Para os demais setores, mais voltados para o mercado interno, vai depender do ritmo de retomada das atividades econômicas (relaxamento das medidas de isolamento social)”, afirma a economista, para quem a “incerteza é muito ruim para todas as atividades”. “O investimento não acontece. Além disso, há muita dúvida sobre o mercado de trabalho. O desemprego cresceu nos meses de março e de abril, e não sabemos o desempenho das medidas de preservação do emprego e da renda. O medo de desemprego, e o desemprego em si, provocam uma retração do consumo das famílias. Por último, as dificuldades de acesso ao crédito, sobretudo das micro, pequenas e médias empresas, é outro ponto negativo para a retomada.”
A pesquisa do IBGE mosra, na comparação com igual mês do ano anterior, que o setor industrial nacional teve retração de 27,2% em abril de 2020, com 13 dos 15 locais pesquisados apontando resultados negativos. “Vale citar que, além do efeito-calendário negativo, já que abril de 2020 (20 dias) teve um dia útil a menos do que igual mês do ano anterior (21), observa-se a clara diminuição do ritmo da produção, evidenciando o aprofundamento das paralisações ocorridas em diversas plantas industriais, fruto, especialmente, do movimento de isolamento social por conta da pandemia da COVID-19. Nesse mês, Minas apresentou recuo de 20,4%”, diz o estudo.
Ainda segundo o órgão, no indicador acumulado para o período janeiro-abril de 2020, frente a igual período do ano anterior, a redução verificada na produção nacional também alcançou 13 dos 15 locais pesquisados, com destaque para Espírito Santo (-15,9%), Amazonas (-14,2%) e Ceará (- 14,1%). Rio Grande do Sul (-13,2%), Santa Catarina (-11,8%), Minas Gerais (-11,4%) e São Paulo (-10,3%) registraram taxas negativas mais acentuadas do que a média nacional (-8,2%), enquanto Paraná (-6,2%), Região Nordeste (-5,1%), Mato Grosso (-4,4%), Pernambuco (- 3,0%), Bahia (-1,8%) e Goiás (-0,7%) completaram o conjunto de locais com queda na produção no índice acumulado no ano.
A taxa anualizada, indicador acumulado nos últimos 12 meses, ao registrar recuo nacional de 2,9% em abril de 2020, permaneceu mostrando queda e apontou aumento na intensidade de perda frente aos resultados dos meses anteriores. Mas 12 apontaram menor dinamismo frente aos índices de março último. Em Minas Gerais o indicador acumulado nos últimos 12 meses passou de -7,1% para -7,9%. No Estado observa-se um avanço de três das 13 atividades divulgadas em relação a igual mês do ano anterior: fabricação de produtos alimentícios (15,9%), fabricação de produtos do fumo (5,3%) e fabricação de outros produtos químicos (41%). Por outro lado, os principais recuos podem ser observados na fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (-94,2%); fabricação de máquinas e equipamentos (-49,6%); fabricação de bebidas (-45,7%); e fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (40,2%).