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Estado de Minas NOVO NORMAL

Medo do coronavírus compromete faturamento do comércio de bairro de BH

Lojistas de corredores locais do comércio na capital se dividem entre a fé no balcão e falta de ânimo com as lojas ainda vazias, após a segunda fase de reabertura autorizada


postado em 17/06/2020 04:00 / atualizado em 17/06/2020 07:48

Lojas que ficaram fechadas por 70 dias reabriram com regras para evitar contaminação e gente aglomerada, adotando controle de entrada e de limpeza(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Lojas que ficaram fechadas por 70 dias reabriram com regras para evitar contaminação e gente aglomerada, adotando controle de entrada e de limpeza (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Uma semana após a segunda fase de retomada das atividades econômicas em Belo Horizonte – iniciada no dia 8 –, a flexibilização do comércio parece não ter resultado na volta dos clientes às lojas de bairros.

Comerciantes das regiões Centro-Sul e Oeste da capital se dividem entre a satisfação de poder abrir as portas e a falta de ânimo diante do baixo movimento.

Não falta preocupação dos empresários quanto às medidas sanitárias. Eles têm seguido à risca os cuidados recomendados pela Prefeitura de BH no combate à disseminação do novo coronavírus.

Sem aglomerações e com respeito ao distanciamento, o comerciante Wanderley Franca Montes Junior, de 36 anos, só pode receber dois clientes por vez em sua loja de acessórios e utensílios domésticos.

“Tenho que limpar o balcão toda hora, passar pano de meia em meia hora. O cliente só entra de máscara, o álcool a gente fornece. Se tem mais de dois clientes, peço para um deles esperar do lado de fora”, explica.

A loja, localizada na Avenida Prudente de Morais, ficou fechada por 70 dias. “Até agora está valendo a pena, porque todo mundo ficou sem comprar nada durante dois meses e pouco. Mas não sei se isso vai durar”, observa Wanderley, que, durante esse período, trabalhou com “um bico aqui e outro ali”.

“Sou a favor de abrir o comércio, mas a população tem que ter ciência do que tá ocorrendo. Não adianta nada abrir o comércio e ir todo mundo pra rua”, alerta.

O comerciante vizinho, Roberto, de 57, não precisou paralisar as atividades porque sua principal atuação é o comércio de alimentos. Antes da segunda fase de reabertura, ele só podia atender do lado de fora.

Após a permissão da entrada de clientes na loja, ele tem que ficar atento para controlar o espaçamento entre os clientes. “Tem hora em que não tem ninguém, de repente chegam cinco clientes, aí tem que segurar um pouco o pessoal”, conta o dono de uma loja de itens de conveniência no Bairro Cidade Jardim, Região Centro-Sul de BH.

Com o movimento do delivery reforçado durante o isolamento social, Roberto também começou a fazer entregas de mercadoria após a chegada da pandemia. E nada de contratar ou demitir, mas trabalhar dobrado.

“O movimento está aumentando porque tem mais gente circulando. Mas, tivemos que começar a fazer delivery porque muita gente não sai de casa. A pessoa pede pelo WhatsApp e eu mesmo entrego”, conta o empresário.

O motoboy Marcos Fernandes, de 22, faz entregas para um restaurante de massas no Buritis, Região Oeste da capital. Ele conta que no início da pandemia o movimento caiu, mas, logo depois voltou ao normal.

“Não houve mudança significativa com essas novas reaberturas. Boa parte do pessoal que não está trabalhando está evitando pedir delivery para não gastar muito, mas aqui a gente entrega muito para as regiões chiques”, diz o entregador.

Marcos conta ainda que não pode entrar em todos os lugares para entregar as encomendas e que muitos clientes têm cobrado as medidas de prevenção contra o vírus.

“Há bastante gente que cobra, por isso eu ando com álcool em gel. O pessoal tem sido bastante atencioso. Tem consciência de que não pode ficar entrando em todo lugar. Em condomínio, só subo se a pessoa tiver algum problema de locomoção”, disse.

O delivery também é ainda alternativa para Sávio Gomes, de 47, gerente de um restaurante de comida japonesa na Avenida Aggeo Pio Sobrinho, que, mesmo com receio, já se preparou para novas reaberturas.

“Está fazendo falta a reabertura dos bares e restaurantes, mas a gente tem que olhar essa pandemia que está aumentando. Não adianta a gente fazer uma reabertura sem ter os planejamentos adequados e depois ter que fechar de novo. Mas que está fazendo falta, está”, conta.

Segundo o gerente, ele atende entre 20 e 30 pedidos por dia, o que não chega perto da lucratividade de quando servia clientes nas mesas.

“Estamos segurando o delivery só mesmo pra pagar as contas. Pra depois tentar se firmar no mercado. Mas muitos já não aguentaram”, disse, lembrando que não percebeu alteração no movimento com a segunda fase de flexibilização. “À noite, o bairro está parado. De dia tem um pouco de movimentação aí, mas de noite o bairro está parado.”

Gerente de restaurante, Sávio Gomes atende até 30 pedidos ao dia, mas à noite bairro não tem movimento(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Gerente de restaurante, Sávio Gomes atende até 30 pedidos ao dia, mas à noite bairro não tem movimento (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Segunda flexibilização

Segundo a Prefeitura de BH, essa fase contempla 5.323 empresas e 8.137 microempreendedores individuais (MEIs) – atividades que representam cerca de 15 mil empregos formais no município.

Com a inclusão desses estabelecimentos na flexibilização, somada aos que já estavam em funcionamento nas fases 1 e de controle, cerca de 89,6% das atividades privadas em BH estão autorizadas a funcionar, representando a retomada de 91,9% dos empregos.

Desde o dia 8, podem funcionar os seguintes tipos de estabelecimento: artigos usados; artigos esportivos, de camping e afins; calçados; artigos de viagem; artigos de joalheria; suvenires, bijuterias e artesanatos; plantas, flores e artigos para animais (exceto comércio de animais vivos); bebidas (sem consumo no local); instrumentos musicais e acessórios; objetos de arte e decoração; e, tabacaria, armamentos, lubrificantes.

O horário de funcionamento permitido se estende das 11h às 19h para o comércio varejista, e das 5h às 17h para o atacado.

Queda geral

As vendas do comércio varejista caíram 16,8% em abril frente a março, no país, e 14,3% em Minas Gerais, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  Houve retração nos 27 estados.

O varejo brasileiro acumula perda de R$ 200,71 bilhões, segundo cálculos da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

A estimativa considera o volume que deixou de ser vendido desde o início das medidas de isolamento social contra a disseminação da COVID-19, na segunda quinzena de março, até a primeira semana deste mês. A cifra inclui o resultado das atividades de venda de veículos e material de construção.


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