O número de famílias endividadas em Belo Horizonte chegou a 80,2% no primeiro semestre de 2020, conforme edição de junho da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). Este é o resultado mais elevado desde 2018.
Além disso, o estudo mostra que número de inadimplentes na capital aumentou no primeiro semestre de 2020. A quantidade de famílias com contas atrasadas na capital mineira chegou a 41,1% em junho, com um aumento de 1,9 pontos percentuais (p.p).
Na capital mineira, o endividamento representa 10% da renda familiar em 82,1% das famílias. Já para 22,5% dos entrevistados, esse percentual atinge 50% do orçamento mensal.
Segundo o economista-chefe da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, os dados da Peic de junho são um resultado de uma queda no montante da renda familiar durante a pandemia de COVID-19. “O avanço do endividamento vinha apoiada no crescimento do mercado de crédito. Mas, com a crise do coronavírus, o espaço para ampliar esse crédito diminui e muitas famílias endividadas se tornam inadimplentes”, explicou.
A pesquisa completou que, pelo segundo mês seguido, o número de pessoas que não conseguem pagar as dívidas aumentou, chegando ao valor de 19,4%, em junho. “Esse movimento é explicado pela queda na renda do consumidor, já que muitos postos de trabalho foram encerrados nos últimos meses. Só em BH, foram mais de 35 mil vagas, segundo dados do Cadastro Geral de Desempregados”, afirma Almeida.
Neste sentido, o economista-chefe da Federação diz que as famílias devem renegociar as suas dívidas, para que, assim, consigam manter poder de compra. “Os consumidores devem procurar os seus credores para ampliar os prazos de pagamento, reduzir os custos de suas dívidas ou mesmo trocar uma dívida cara e de curto prazo por outra mais barata”, sugere.
Dívidas
O cartão de crédito é a opção mais utilizada pelos consumidores na capital mineira para fazer as dívidas: apesar da queda de 3,5 p.p., 81% dos consumidores continuam usando essa forma de pagamento. Outras formas são os carnês (18,5%), crédito pessoal (13,6%), financiamento de veículos (10,5%), crédito consignado (7,9%) e o cheque especial (7,8%).
Além disso, entre famílias com renda superior a 10 salários mínimos, os percentuais são ainda maiores: cartão de crédito (94,6%), financiamento de veículos (20,2%), crédito pessoal (14,5%), financiamento imobiliário (13,2%), cheque especial (11,2%) e carnês (10,7%).
O avanço no endividamento entre essas famílias está ligado ao aumento no estoque dos recursos para pessoas físicas, à redução do custo de empréstimos e financiamentos e à facilitação das condições de crédito.
A pesquisa
Para elaborar a Peic de junho, mil famílias residentes na capital mineira foram entrevistadas. O estudo mensal é feito pela Fecomércio MG com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A pesquisa retrata o comprometimento da renda familiar com financiamento de imóveis, carros, empréstimos, cartões de crédito, lojas e cheques pré-datados, bem como a capacidade de pagamento dos consumidores.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.