Entre os efeitos que a pandemia do coronavírus provocou na vida de milhões de pessoas, está o desemprego, que, devido ao cenário atual, deverá crescer nos próximos meses.
Entre o público com mais de 50 anos, o cenário pode ser ainda pior, de acordo com dados levantados por estudo recente do Laboratório do Futuro da Coppe (Coordenação de Projetos e Pequisas da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ), em parceria com a startup Labore, sob coordenação do pesquisador Yuri Lima.
A pesquisa aponta que cerca de 6,7 milhões de pessoas ocupadas no mercado formal poderiam perder os postos de trabalho. Deste total, a estimativa é de que 1,2 milhão (pouco mais de 1/5 do universo estimado) tenha mais de 50 anos.
Entre o público com mais de 50 anos, o cenário pode ser ainda pior, de acordo com dados levantados por estudo recente do Laboratório do Futuro da Coppe (Coordenação de Projetos e Pequisas da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ), em parceria com a startup Labore, sob coordenação do pesquisador Yuri Lima.
A pesquisa aponta que cerca de 6,7 milhões de pessoas ocupadas no mercado formal poderiam perder os postos de trabalho. Deste total, a estimativa é de que 1,2 milhão (pouco mais de 1/5 do universo estimado) tenha mais de 50 anos.
No caso dessa faixa etária, os efeitos serão ainda mais danosos, alerta o pesquisador. Além do perigo que o novo coronavírus traz, limitações em relação às inovações, por exemplo, podem dificultar a vida desse grupo. “Quando olhamos para essa faixa mais idosa, claro que sempre pensando numa generalização, são pessoas que têm um relacionamento mais distante com a tecnologia, que comparado a alguém com 20 ou 30 anos”, explicou.
Yuri diz ainda que a sondagem apontou que “cerca de 1,2 milhão de pessoas com 50 anos ou mais seriam afetadas”. Para chegar a tais números, foram consideradas variáveis como a limitação em relação ao contato com outras pessoas e a proximidade física. “O que estamos observando é que ficarão desempregadas por não conseguirem desempenhar suas atividades à distância e, também, por não fazerem parte de serviços essenciais, como saúde e transporte”.
Márcia Tavares, engenharia de produção da Coppe/UFRJ, de quem partiu a iniciativa de fazer o levantamento, ressalta que a crise sanitária agravou o quadro no mercado de trabalho. “Quando os nossos idosos foram classificados como ‘grupo de risco’, eu notei que não demorou muito para que o preconceito com as pessoas com 60 anos ou mais se tornasse ainda mais nítido. As redes sociais foram alimentadas com memes que chamaram a atenção para essa população, projetando neles o estereótipo de excepcionalmente frágeis, teimosos, inconsequentes”, observou.
CAPACIDADE
Yuri Lima ressalta que, no caso dos negócios, os empresários podem optar por funcionários mais jovens, pela condição de voltarem mais rápido ao trabalho presencial. “Sabemos que as micro e pequenas empresas devem preferir quem pode voltar logo ao trabalho e demitir os mais velhos”, lastimou. Ele ainda alerta que a situação pode reforçar o preconceito no mercado de trabalho. Entre as possibilidades para se atenuar a situação, o pesquisador sugere a criação de políticas que ajudem esse público.Márcia Tavares, por outro lado, acredita que as pessoas mais velhas têm, sim, muito a oferecer e podem ser fundamentais no período pós-pandemia. “Uma das vantagens dos trabalhadores maduros é o aprendizado que eles adquiriram com os erros ao longo de décadas. As experiências dos profissionais mais vividos podem acelerar a curva de aprendizado dos mais jovens”, ponderou.
DISCRIMINAÇÃO
O preconceito com os que são considerados, neste momento da pandemia, grupo de risco, é antigo. Para piorar, além da discriminação dos mais jovens e pelo mercado de trabalho, os trabalhadores com mais de 50 anos ainda são vítimas de preconceito entre eles mesmos. “O estigma em relação à velhice é grande, grave e antigo. Em várias pesquisas que fizemos, muitas pessoas, acima de tudo, tinham medo de ficar velhas e feias. Quando aprofundamos os dados, percebemos que o feio não tem relação com estética, mas com a aparência, o verdadeiro retrato dos que são discriminados pela idade. Assim, os velhos não querem ser chamados de velhos”, disse Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, que estuda as relações sociais.E quando essas pessoas idosas foram consideradas grupo de risco pelas autoridades sanitárias, suas limitações e toda a carga negativa do preconceito tiveram a dimensão potencializada, afirma Meirelles. Mais: entre os velhos, os que também são pobres serão os mais discriminados e prejudicados. “Como são mais vulneráveis, passarão a ser menos aceitos em trabalhos de contato com o público. Por isso, os que têm menor grau de escolaridade tendem a ficar para trás”, acentuou. O governo, no entanto, deveria “cuidar” melhor desse público, cobrou Meirelles.
*Estagiária sob supervisão de Fabio Grecchi