A Usiminas registrou prejuízo de R$ 395 milhões no segundo trimestre deste ano. No mesmo período de 2019, a empresa teve lucro líquido de R$ 171 milhões. De janeiro a março, a siderúrgica já havia contabilizado perda líquida de R$ 424 milhões. Os dados são de balanço divulgado nesta quinta-feira (30) pela empresa.
Apesar do resultado no vermelho, sob o impacto dos efeitos negativos da pandemia do novo coronavírus na economia, a Usiminas anunciou que vai religar o alto-forno 1 e a aciaria 1 da usina em Ipatinga, no Vale do Aço, e as operações de laminação em Cubatão (SP). O trabalho nessas instalações estava paralisado desde abril.
A retomada se deve à percepção de que o período mais difícil da crise teria passado, como afirma o presidente da companhia, Sergio Leite. “As perspectivas são boas para o segundo semestre. Estamos preparados, com confiança no mercado”, defende o executivo.
O lucro calculado antes de juros, impostos, depreciação e amortização ajustado (Ebitda, na expressão em inglês), foi de R$ 192 milhões entre abril e junho. O valor representa queda de 66,3% em relação aos mesmos meses do ano passado, que registrou R$ 569 milhões. A receita líquida da empresa foi de R$ 2,4 bilhões no segundo trimestre, 36,3% menos do que no primeiro, que registrou R$ 3,8 bilhões.
Os resultados do segundo trimestre já eram esperados por causa da crise provocada pela pandemia, segundo o presidente da Usiminas. De acordo com o executivo, as operações da empresa foram impactadas pela paralisação das indústrias, especialmente a automotiva em abril. Outros setores foram menos impactados, o que permitiu um resultado positivo na área da mineração do conglomerado, por exemplo.
Ao comentar o prejuízo registrado entre abril e junho, o presidente da Usiminas atribuiu parte do resultado à alta do dólar. “Da nossa dívida, 67% são em dólar. Houve uma desvalorização do real superior a 30% entre o final do ano passado e agora. Temos que reconhecer esse valor e contar como prejuízo, que é contábil, mas não afetou as operações”, explica Sergio Leite.
Confiança na retomada
A siderúrgica também informou ter elevado o plano de investimentos para 2020, de R$ 600 milhões para R$ 800 milhões, como uma ação de confiança na recuperação da economia. A maior parte dos recursos deve ser investida em iniciativas ambientais e em um projeto de empilhamento a seco da Mineração Usiminas.
Sergio Leite aponta a posição de caixa consolidada do grupo de empresas - de R$ 2,5 bilhões no fim de junho – como prova de que companhia está preparada para enfrentar a nova turbulência na economia.
Adotamos uma série de ajustes que nos permitiram passar pelos momentos mais críticos da crise sem, contudo, comprometer o nosso caixa e nossa capacidade de atender de maneira rápida à expectativa de melhoria da demanda para os próximos meses
Sergio Leite, presidente da Usiminas
Uma preocupação da companhia que se mantém para o restante do ano, assim como de todo o setor industrial, é com a baixa ocupação da capacidade produtiva. “Hoje estamos entre 50% e 60%. O ideal, seria um nível de 85%. A expectativa para atingir isso é de médio prazo. Não chega em 2020 nem em 2021. O país ainda precisa crescer muito. Mas estamos caminhando”, analisa Leite.
*Estagiário sob supervisão da subeditora Marta Vieira