O juiz Tiago Limongi, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, acatou nessa segunda-feira (10) o pedido de recuperação judicial da Máquina de Vendas, controladora da rede Ricardo Eletro e de outras empresas do varejo.
Na solicitação, protocolada na última sexta-feira (7), a empresa afirma como razões para o pedido de recuperação judicial as dificuldades provocadas pela queda do faturamento diante da situação econômica do país entre 2014 e 2016.
Além disso, a empresa cita a recusa de credores em disponibilizar novas linhas de crédito que permitissem a geração de fluxo de caixa de suas atividades.
A controladora da Ricardo Eletro argumenta que o fechamento das lojas físicas - decorrente de ações de despejo ajuizadas em face do grupo -, tendo como consequências as rescisões de contratos de trabalho e o aumento de seus custos operacionais, minou sua capacidade de recuperação. Outro ponto defendido pela empresa é que c a pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2) agravou ainda mais a liquidez da empresa.
Ao analisar o pedido, o juiz reconheceu que os documentos juntados aos autos comprovam que as requerentes preenchem, ao menos em um exame formal, os requisitos legais para requerimento da recuperação judicial dos artigos 48 e 51 da Lei 11.101/2005. Segundo ele, são suficientes para o deferimento do processamento da recuperação judicial por este juízo.
Em grave crise, a Ricardo Eletro fechou 300 lojas físicas em 17 estados e demitiu 3.600 funcionários. A dívida da empresa supera os R$ 4 bilhões ao todo e, com a decisão, a controladora da rede tem 60 dias para apresentar um plano de recuperação judicial, que precisa ser submetido aos credores em uma assembléia.
Comércio eletrônico
Na sexta-feira, ao divulgar o pedido de Recuperação Judicial, a Ricardo Eletro anunciou um novo modelo de vendas, concentrado em meios digitais e em parcerias, inclusive de outras lojas que queiram vender produtos da empresa. Todas as lojas físicas próprias serão fechadas ainda neste mês e as vendas continuarão sendo feitas pelo site e por aplicativos de parceiros e funcionários, além de outras lojas que aderirem ao modelo.
Em paralelo ao anúncio feito ao mercado, o presidente da empresa, Pedro Bianchi, distribuiu uma mensagem em vídeo aos cerca de dois mil funcionários e parceiros em atividade, convocando-os para avançarem na nova forma de fazer vendas.
Os atuais administradores da Ricardo Eletro adquiriram o controle da empresa no ano passado e desenvolviam um programa de recuperação financeira, quando veio a pandemia de COVID-19, que trouxe efeitos para a varejista já em janeiro deste ano.
*Estagiário sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz