Uma fábrica de gin dirigida por uma mulher está prestes a ser inaugurada em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A empresária Laiza Machado se diz bem preparada e aponta características pessoais que contribuíram para que se despontasse no mercado de trabalho. “Sou determinada e estudei bastante para entrar nesse negócio. Lagoa Santa é a cidade que moramos. O Brasil é um mercado promissor. O consumo de gin vem crescendo muito no mundo todo e não é diferente do Brasil." Até 2026, a projeção é que o gin se torne uma das bebidas mais consumidas do mundo.
O "ora pro nobis" faz parte da composição da bebida, que já começa a ser fabricada em Minas. A nova indústria é uma "aposta" da empresária no potencial gastronômico do estado. O gin é uma bebida eclética. "Como é vegana e não tem glúten agrada todos os públicos." De acordo com Laiza Machado, a maioria dos insumos é importada de países como o Japão, Alemanha e Itália. "O nosso gin tem Yuzu do Japão, Buddha’s hand da Índia e o ora-pro-nobis mineiro. Um gin premium com 43 % de álcool. Com esses ingredientes, traz certa leveza à bebida. Para harmonizar, pode ser acompanhado de castanhas, amendoim, mas acompanha bem qualquer tipo de comida," recomenda.
A 35 quilômetros de Belo Horizonte, a Don Luchesi vai produzir, como carro-chefe, o O’Gin - bebida exclusiva da destilaria. No momento, a fábrica produz 300 a 400 litros da bebida por dia, mas tem capacidade para produzir até 50 mil garrafas por mês. A comercialização ainda aguarda um selo, que está em processo de liberação.
Segundo a proprietária Laiza Machado, o nome da destilaria é uma homenagem ao sogro, João Majó, figura tradicional em Conceição do Mato Dentro (MG), região central do estado. “Sempre foi um sonho do meu marido, Alexandre Luchesi, homenagear o pai. E agora temos essa oportunidade.”
O O’Gin é o resultado da experiência do casal, que visitou oito países, entre eles Inglaterra, Tailândia, Itália e França, até chegar ao produto final. Para obter esse resultado, os empresários combinam várias especiarias, entre as quais zimbro (baga aromática das regiões temperadas), yuzu (limão japonês) e buddha’s hand (fruta cítrica tailandesa).
O toque especial do O’Gin é resgatar a mineiridade, acrescentando uma iguaria herbal bastante utilizada na gastronomia de Minas Gerais: o ora-pro-nobis. ““Queremos abraçar a cidade de Lagoa Santa, proporcionando empregos e uma experiência única aos clientes, sempre primando pela qualidade e transparência na elaboração de nossos produtos”, explica Laiza. Serão gerados oito empregos diretos e 15 indiretos.
A destilaria Don Luchesi está localizada no Bairro Jardim Ipê, em um galpão onde se concentra o laboratório para a elaboração do O’Gin, "seguindo todas as normas exigidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e os padrões internacionais de fabricação", assegura a empresária.
O investimento foi de R$ 2 milhões, com expectativa de retorno em dois anos e incluiu a compra de dois alambiques, três tanques de descanso, maquinário industrial para lavagem e sanitização do material, máquina de envase automática, utensílios específicos para a bebida (copos e garrafas confeccionados em outros países) e funcionários. A equipe é formada por um master distiller (especialista em destilados, com foco em gin), uma nutricionista, uma farmacêutica industrial e profissionais da área de química e de engenharia de alimentos.
Aos apreciadores da bebida o galpão conta com um espaço para a degustação e está aberto a visitas guiadas. “Os frequentadores poderão conhecer a fábrica do início ao fim dos processos, desde a elaboração e suas diversas etapas até a experimentação do O’Gin."
Mulheres em cargos de chefia
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístisca (IBGE), embora a população brasileira seja composta por 51,8% de mulheres e 48,2% de homens, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD/2019), apenas 38% das mulheres ocupam cargos de chefia no Brasil e 10% participam de comitês executivos de grandes empresas.